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Obama adverte que está preparado para lançar ataques contra o EI na Síria

"Não vacilarei em ordenar ações contra o EI na Síria", disse o presidente

Agência France-Presse
postado em 10/09/2014 22:25



Washington - O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, advertiu nesta quarta-feira (10/9) em um pronunciamento à Nação que seu governo está preparado para lançar ataques contra o Estado Islâmico (EI) na Síria, e que vai ampliar as operações aéreas contra os jihadistas.

Obama, que quer entrar para a história como o presidente que acabou com uma década de envolvimento dos EUA em conflitos no exterior, abriu uma nova frente no Oriente Médio, comprometendo-se também a reforçar as forças iraquianas e a aumentar a assistência militar à oposição síria.

Em um discurso transmitido no horário nobre da televisão, Obama disse que o EI, que decapitou dois jornalistas americanos e tomou grandes faixas territoriais no Iraque e na Síria, é um grupo extraordinariamente brutal, mesmo para os padrões de organizações radicais armadas no Oriente Médio.

"Eu deixei claro que nós vamos caçar os terroristas que ameaçarem o nosso país, onde quer que estejam. Isso significa que não hesitarei em ordenar ações contra o Isil na Síria, assim como no Iraque", disse o presidente, usando um acrônimo alternativo para o auto-intitulado Estado Islâmico.

"Este é o princípio fundamental da minha presidência: se você ameaçar os Estados Unidos, você não vai encontrar refúgio."

Obama pediu ao Congresso "autorização e recursos adicionais para treinar e equipar" a oposição síria, dizendo que ela é "o melhor contrapeso" aos combatentes do EI.

"Na luta contra o Isil, nós não podemos confiar em um regime como o de Assad, que aterroriza seu povo; um regime que nunca receberá a legitimidade perdida", disse o presidente, referindo-se ao líder sírio, Bashar al-Assad.

O presidente americano anunciou que havia ordenado o envio de mais 475 conselheiros militares para prestar assistência às forças iraquianas, principalmente em tarefas de treinamento para enfrentar o grupo ultra-radical.

Buscando manter sua doutrina de substituir as guerras envolvendo tropas terrestres - que podem facilmente se tornar um atoleiro - por um envolvimento aéreo limitado mas letal, Obama comparou o novo conflito com as operações antiterroristas na Somália e no Iêmen, envolvendo ajuda técnica e ataques com aviões não-tripulados (drones).

Em seu pronunciamento de 14 minutos, Obama deixou claro que, apesar de os Estados Unidos buscarem liderar "uma ampla coalizão" para combater a ameaça do EI, as tropas americanas não serão enviadas a um território estrangeiro como parte da operação.

"Quero que o povo americano entenda como este esforço vai ser diferente das guerras no Iraque e no Afeganistão".

Obama destacou que o desenho desta nova estratégia só foi possível porque políticos iraquianos conseguiram uma convergência e formaram um governo de unidade para enfrentar o EI.

Funcionários americanos se recusaram a prever quando começarão os ataques na Síria e quais serão os alvos prioritários da estratégia anunciada para enfrentar o Estado Islâmico.

"Não vamos antecipar nossos golpes", disse um funcionário, que pediu para não ser identificado. "Se houver uma posição do EI que tivermos que atacar, a atacaremos".

Antes do discurso, Obama comunicou as principais linhas do seu plano aos líderes da Câmara de Representantes e do Senado, e reuniu seu Conselho de Guerra na Casa Branca.

O presidente também conversou por telefone nesta quarta-feira (10/9) com o rei Abdullah, da Arábia Saudita, e os dois líderes "concordaram com a necessidade de se treinar e equipar a oposição moderada síria", informou a Casa Branca.

Reações imediatas

O presidente da Câmara de Representantes, o republicano John Boehner, saudou a iniciativa, mas lamentou que a Casa Branca tenha passado semanas discutindo o que fazer diante da ameaça do EI.

"Apoio o plano do presidente para equipar e treinar as forças de segurança do Iraque e da oposição síria", disse Boehner, que continua "preocupado porque estas medidas podem levar anos para ser implementadas".

O legislador Mike Rogers, titular do Comitê de Inteligência da Câmara, estimou que o plano de Obama é "um bom passo na direção correta".



O influente senador republicano John McCain disse que o plano de Obama "possivelmente será insuficiente para destruir o EI", e destacou que não concorda com a afirmação do presidente de que os Estados Unidos estão "mais seguros agora do que há cinco anos".

O senador democrata Bob Menéndez, titular da Comissão de Relações Exteriores, assinalou que a nova estratégia exigirá que "os aliados internacionais dos Estados Unidos façam a sua parte".

O ministro da Defesa, Chuck Hagel, informou que as Forças Armadas "estão prontas para cumprir as ordens de seu comandante (Obama) e para atuar com os amigos e aliados nesta missão".

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