Agência France-Presse
postado em 12/09/2014 08:16
Kiev - As novas sanções da União Europeia (UE) contra a Rússia por seu papel no conflito da Ucrânia entraram em vigor nesta sexta-feira, uma medida que, segundo Moscou, pode prejudicar o processo de paz no leste deste país.O presidente americano, Barack Obama, somou-se à decisão europeia e anunciou na quinta-feira um reforço das medidas de punição para isolar mais o Kremlin por suas ações ilegais na Ucrânia.
Bruxelas e Washington decidiram adotar mais sanções, apesar das esperanças suscitadas pelo cessar-fogo assinado entre Kiev e os separatistas pró-russos na semana passada, e que reduziu os combates no leste do país.
O ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Lavrov, reagiu às sanções europeias dizendo que "violam o processo de paz" na Ucrânia.
As novas sanções dos vinte e oito países, que entraram em vigor ao serem publicadas nesta sexta-feira no Diário Oficial da UE, impedem três companhias energéticas públicas (Rosneft, Transneft e o braço petrolífero da Gazprom), e outras três do setor da Defesa (OPK Oboronprom, United Aircraft Corporation e Uralvagonzavod) de captar capital nos mercados europeus.
Também são afetadas nove empresas que produzem bens de uso civil e militar, com as quais as companhias europeias não poderão comercializar, e 24 personalidades russas e ucranianas. Após a entrada em vigor destas novas sanções, o rublo caiu a um novo mínimo em relação ao dólar.
Desconectadas da realidade
O presidente em fim de mandato do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, afirmou na quinta-feira, no entanto, que a UE poderá "emendar, suspender ou revogar o pacote de sanções" após uma avaliação exaustiva no fim de setembro do avanço do plano de paz.
Moscou ameaçou tomar medidas de represália, tais como fechar seu espaço aéreo às companhias europeias.
O presidente da Duma, câmara baixa do Parlamento russo, Serguei Naryshkin, disse que as sanções anunciadas por Obama "estão desconectadas da realidade".
"O grave conflito ucraniano é apenas um pretexto" do Ocidente para punir a Rússia, acrescentou Naryshkin, sancionado pela UE, e que comparou a atual crise com a situação anterior à Primeira Guerra Mundial.
Status especial
O presidente ucraniano, Petro Poroshenko, anunciou novas intenções que afastariam mais seu país da órbita de Moscou.
Em uma conferência internacional em Kiev, Poroshenko disse nesta sexta-feira que espera que a Ucrânia obtenha "um status especial" de aliado dos Estados Unidos como não membro da Otan, durante sua visita a Washington na próxima semana.
Este status inclui a entrega de alguns tipos de armas, assim como a troca de informação. Além disso, na terça-feira, os parlamentos ucraniano e europeu ratificarão o Acordo de Associação que Kiev assinou com a UE em junho.
Mais de 2.700 pessoas morreram pelo conflito no leste do país, iniciado em abril, e mais de meio milhão precisaram fugir de seus lares.
No plano humanitário, o Programa Mundial de Alimentos da ONU anunciou nesta sexta-feira ter lançado sua primeira operação de ajuda humanitária na Ucrânia e espera socorrer 120.000 pessoas nos próximos seis meses. O PMA disse que os primeiros suprimentos já chegaram aos redutos rebeldes de Donetsk e Lugansk.