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Kerry elogia Egito enquanto busca apoio para enfrentar Estado Islâmico

Kerry participará na segunda-feira de uma conferência internacional sobre o Iraque em Paris, para a qual o Irã, peso pesado xiita da região e aliado de Bagdá, não foi convidado até o momento

Agência France-Presse
postado em 13/09/2014 14:14
Cairo - O secretário americano de Estado, John Kerry, afirmou neste sábado que o Egito está na linha de frente da luta antiterrorista, durante a última etapa de seu giro pelo Oriente Médio, que tem por objetivo reunir apoios para combater o Estado Islâmico (EI) no Iraque e na Síria.

O Cairo encerrava, assim, a missão que o levou a Bagdá, Amã, Jidá (Arábia Saudita) e Ancara para colocar em andamento a coalizão internacional e destruir os jihadistas do EI, como pretende o presidente Barack Obama.

O chefe da diplomacia americana viajará posteriormente a Paris para participar de uma conferência internacional sobre o Iraque centrada na crescente ameaça representada por este grupo sunita ultrarradical, que ocupa amplos territórios do Iraque e da Síria nos quais cometeu execuções, estupros e perseguições.

Depois de se reunir na capital egípcia com o presidente do país, Abdel Fatah al-Sissi, e com o secretário-geral da Liga Árabe, Nabil al-Arabi, Kerry destacou o papel essencial do Egito na luta contra o EI.

[SAIBAMAIS]

"Como capital intelectual e cultural do mundo muçulmano, o Egito tem um papel chave a desempenhar, denunciando a ideologia que (o EI) promulga", disse.

Washington quer que "as instituições religiosas se pronunciem contra o EI, e que falem a respeito em seus sermões de sexta-feira" nas mesquitas, explicou aos jornalistas um funcionário que viaja com Kerry.

"O Egito está na linha de frente na luta contra o terrorismo, em particular no que se refere à luta contra os grupos extremistas no Sinai", afirmou o secretário de Estado em uma coletiva de imprensa.

Kerry conseguiu na quinta-feira na Arábia Saudita arrancar o compromisso de dez países árabes para lutar contra este grupo jihadista, que também proclamou um califado entre Iraque e Síria.

Na sexta-feira tentou convencer a Turquia para que participe da coalizão que Washington está tentando criar, mas Ancara nega-se a participar ativamente das operações militares, já que teme colocar em risco a vida de 46 de seus cidadãos prisioneiros dos jihadistas no Iraque.

Nesta guerra contra o EI, como formulou na sexta-feira a Casa Branca, o general da reserva John Allen, homem chave da guerra no Iraque, foi encarregado de coordenar a futura coalizão.

Conversa sincera

Kerry também disse que teve uma conversa sincera sobre direitos humanos com o presidente Al-Sissi. Washington, que expressa regularmente seu desgosto pela situação dos direitos humanos neste país, acusado de reprimir todo tipo de oposição, também defende sua aliança militar com esta peça chave da diplomacia americana na região.

Kerry participará na segunda-feira de uma conferência internacional sobre o Iraque em Paris, para a qual o Irã, peso pesado xiita da região e aliado de Bagdá, não foi convidado até o momento.

O secretário americano de Estado sustentou que uma participação iraniana não seria adequada, devido ao seu envolvimento na Síria, onde Teerã apoia o regime de Bashar al-Assad.

O encontro, para o qual 20 países foram convidados, "permitirá a cada um ser muito mais preciso sobre o que pode ou quer fazer", indicou uma fonte diplomática.

Para preparar esta conferência, o presidente francês, François Hollande, viajou na sexta-feira ao Iraque, onde prometeu ajudar "ainda mais militarmente" Bagdá em sua luta contra o EI.

Centenas de milhares de pessoas, pertencentes, sobretudo, a minorias, fugiram no início de agosto para a região autônoma do Curdistão, no norte do Iraque, devido à ofensiva jihadista.

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Hollande, primeiro chefe de Estado estrangeiro a visitar Bagdá desde o início, no dia 9 de junho, da ofensiva do EI no Iraque, anunciou a criação de uma ponte humanitária para os que quiserem abandonar o país.

No âmbito de sua estratégia, o presidente americano, Barack Obama, indicou na quarta-feira que ampliará à Síria a campanha aérea contra o EI, em andamento no Iraque desde 8 de agosto, e que fornecerá ajuda às forças armadas iraquianas e aos rebeldes moderados sírios que combatem tanto o regime de Bashar al-Assad quanto o EI.

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