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Obama e ONU pedem 'ação rápida' diante do avanço da epidemia de ebola

"Esta é uma epidemia que não é apenas uma ameaça à segurança regional, é uma ameaça potencial para a segurança mundial", advertiu Obama

Agência France-Presse
postado em 16/09/2014 22:18
Atlanta - O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, fez nesta terça-feira um apelo para que o mundo "aja rapidamente" para conter a epidemia de Ebola que assola a África Ocidental, antes que "centenas de milhares" de pessoas sejam infectadas.

"Esta é uma epidemia que não é apenas uma ameaça à segurança regional, é uma ameaça potencial para a segurança mundial", advertiu Obama durante un discurso em Atlanta (Georgia, sudeste), no qual anunciou o envio de 3.000 militares americanos à África Ocidental para que participem das ações de combate ao vírus do Ebola.

[SAIBAMAIS]"Aqui está a dura verdade. No oeste da África, agora o Ebola é uma epidemia nunca vista antes", disse Obama. Segundo o presidente americano, a situação "está saindo do controle. Está ficando pior. Está se espalhando mais rápido e de maneira exponencial." "Hoje, milhares de pessoas no oeste da África estão infectadas. Este número pode chegar rapidamente a dezenas de milhares", alertou.

A epidemia de Ebola na África Ocidental - a mais grave desde que o vírus foi identificado em 1976 - matou mais de 2.461 pessoas em 4.985 casos (confirmados, prováveis, suspeitos), de acordo com o último registro da Organização Mundial de Saúde (OMS) divulgado nesta terça-feira.

Os países mais afetados são Libéria (1.137 mortos), Guiné (557 mortos) e Serra Leoa(524 mortos). "O mundo tem a responsabilidade de fazer mais", disse Obama, ressaltando depois que os Estados Unidos estão dispostos a desempenhar um papel de liderança para enfrentar a epidemia.

"E se o vírus não for contido agora, poderemos estar vendo centenas de milhares de pessoas infectadas com profundas implicações políticas, econômicas e de segurança para todos nós", destacou o presidente americano.

Além da mobilização militar - o governo Obama anunciou o envio de 3.000 militares para o oeste da África -, os EUA também pretendem criar um centro de comando e controle em Monróvia, capital da Libéria - país mais castigado -; construir novos centros de tratamento e treinar agentes de saúde

O vírus pode matar suas vítimas em questão de dias, causando febre e dores musculares, fraqueza, vômitos e diarreia. Em alguns casos, o funcionamento de órgãos para e graves hemorragias são causadas. Não existem vacinas nem tratamentos aprovados contra o mal.

Conselho de Segurança da ONU em ação

A ONU pediu 987,8 milhões de dólares para combater o Ebola no oeste da África, o dobro da soma solicitada há um mês, anunciou a chefe das operações humanitárias da organização, Valeri Amos, indicando que até o fim de 2014 20.000 novos casos serão registrados. "Queremos impedir a falência total dos sistemas de saúde" dos principais países afetados, acrescentou Amos.

Do total pedido pela ONU, cerca da metade será destinada à Libéria. Os Estados Unidos apresentaram nesta terça-feira aos seus 14 sócios do Conselho de Segurança da ONU um projeto de resolução destinado a mobilizar os governos para conter o avanço preocupante da epidemia.

O Conselho de Segurança deve adotar na quinta-feira uma resolução exortando os países-membros a fornecer mais hospitais de campanha e ajuda urgente para a região em crise.

Neste texto, do qual a AFP recebeu uma cópia, o Conselho considera que "o crescimento sem precedentes da epidemia de Ebola representa uma ameaça à paz e à segurança internacionais". "Isto é mais do que um problema de saúde", disse o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon.

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É pouco habitual que o Conselho adote uma resolução sobre uma crise de saúde pública. Isso tinha acontecido apenas duas vezes, com textos sobre a Aids em 2000 e 2011. A ONU estima que 22,3 milhões de pessoas vivem nas regiões afetadas e precisam de ajuda, em um documento divulgado nesta terça-feira.

O mundo deve "fazer muito mais"

O Banco Mundial (BM) aprovou nesta terça-feira uma doação de 105 milhões de dólares, como parte de uma promessa de 200 milhões de dólares feita no início de agosto e destinada a ajudar as pessoas na Libéria, em Serra Leoa e na Guiné a lidar com o impacto econômico da crise e o fortalecimento dos sistemas de saúde pública.

"O mundo precisa fazer muito mais para reagir à crise do Ebola nesses três países", disse o presidente do BM, Jim Yong Kim, em um comunicado. "A doação terá um impacto imediato e positivo nas campanhas coletivas de contenção do Ebola", disse Kim, um médico especializado em doenças infecciosas, referindo-se aos países receptores.

A ONU afirmou que se os países da comunidade internacional e os afetados responderem com rapidez e energia, a transmissão do vírus deve começar a diminuir no final do ano e ser contida em meados de 2015. "O nível da maré (de ajuda) que temos que gerar não tem precedentes. É enorme", declarou a jornalistas o coordenador da luta contra o Ebola das Nações Unidas, David Nabarro.

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