Agência France-Presse
postado em 17/09/2014 17:18
Buenos Aires - Pela primeira vez, médicos e profissionais de saúde sentaram no banco dos réus na Argentina em um julgamento por partos clandestinos de presas políticas e por cumplicidade no roubo de bebês durante a ditadura (1976-1983), iniciado nesta quarta-feira. "É um julgamento muito importante porque julga a cumplicidade de médicos e de parteiras que foram responsáveis diretos por estes crimes contra a Humanidade", disse à AFP Francisco Madariaga, de 36 anos, roubado ao nascer e entregue a um casal com que viveu até recuperar sua identidade em 2010.
Francisco nasceu durante a detenção de sua mãe na maternidade clandestina que funcionou no hospital militar do destacamento de Campo de Mayo, na capital argentina. Seu nascimento foi acompanhado pela obstetra, Luisa Yolanda Arroche, hoje com 86 anos, que, a alguns metros de Francisco, ouviu as acusações de falsificação da certidão de nascimento e de ter facilitado sua apropriação.
Arroche, que não quis dar declarações, é acusada neste julgamento junto com os médicos Norberto Bianco e Raúl Martín, octogenários como ela. "Por saberem o que acontecia lá, prestaram uma colaboração essencial para a supressão da identidade" das crianças, indica a acusação da Promotoria lida no tribunal.
Os três são julgados junto com o ex-comandante Santiago Omar Riveros, encarregado do Campo de Mayo e o ex-ditador Reynaldo Benito Bignone, já condenados por outros crimes contra a humanidade. "Neste julgamento, vamos poder saber o que fizeram com as nossas mães no dia seguinte ao nosso nascimento. Sabemos que haverá condenações e que a justiça vai triunfar porque somos a prova viva do crime", disse Francisco, que conseguiu reencontrar seu pai, Abel Madariaga, um dos autores das acusações ao lado da associação Avós da Praça de Maio.
Alan Iud, advogado da Avós, explicou à AFP que na obscura trama de roubo de bebês durante a ditadura, faltava a justiça se pronunciar sobre médicos e parteiras envolvidos. "Até hoje, foram julgados os organizadores do plano sistemático de roubos de bebês e aqueles que se apropriaram dessas crianças. Mas eles (médicos e parteiras) foram fundamentais para que tudo pudesse ser feito", disse Iud.
De acordo com estimativas de organizações de defesa dos direitos humanos, cerca de 500 bebês foram roubados ao nascer de mães presas pela ditadura argentina. Eles eram entregues depois a pessoas que os registravam como se fossem seus próprios filhos. Até o momento, 115 recuperaram sua identidade. Um dos casos mais recentes foi o de Guido Montoya Carlotto, neto da presidente e fundadora das Avós, Estela de Carlotto, encontrado em agosto.
Francisco nasceu durante a detenção de sua mãe na maternidade clandestina que funcionou no hospital militar do destacamento de Campo de Mayo, na capital argentina. Seu nascimento foi acompanhado pela obstetra, Luisa Yolanda Arroche, hoje com 86 anos, que, a alguns metros de Francisco, ouviu as acusações de falsificação da certidão de nascimento e de ter facilitado sua apropriação.
Arroche, que não quis dar declarações, é acusada neste julgamento junto com os médicos Norberto Bianco e Raúl Martín, octogenários como ela. "Por saberem o que acontecia lá, prestaram uma colaboração essencial para a supressão da identidade" das crianças, indica a acusação da Promotoria lida no tribunal.
Os três são julgados junto com o ex-comandante Santiago Omar Riveros, encarregado do Campo de Mayo e o ex-ditador Reynaldo Benito Bignone, já condenados por outros crimes contra a humanidade. "Neste julgamento, vamos poder saber o que fizeram com as nossas mães no dia seguinte ao nosso nascimento. Sabemos que haverá condenações e que a justiça vai triunfar porque somos a prova viva do crime", disse Francisco, que conseguiu reencontrar seu pai, Abel Madariaga, um dos autores das acusações ao lado da associação Avós da Praça de Maio.
Alan Iud, advogado da Avós, explicou à AFP que na obscura trama de roubo de bebês durante a ditadura, faltava a justiça se pronunciar sobre médicos e parteiras envolvidos. "Até hoje, foram julgados os organizadores do plano sistemático de roubos de bebês e aqueles que se apropriaram dessas crianças. Mas eles (médicos e parteiras) foram fundamentais para que tudo pudesse ser feito", disse Iud.
De acordo com estimativas de organizações de defesa dos direitos humanos, cerca de 500 bebês foram roubados ao nascer de mães presas pela ditadura argentina. Eles eram entregues depois a pessoas que os registravam como se fossem seus próprios filhos. Até o momento, 115 recuperaram sua identidade. Um dos casos mais recentes foi o de Guido Montoya Carlotto, neto da presidente e fundadora das Avós, Estela de Carlotto, encontrado em agosto.