Agência France-Presse
postado em 19/09/2014 10:07
Emissários de Kiev, de Moscou e dos separatistas da Ucrânia se reúnem nesta sexta-feira (19/9), em Minsk, para prosseguir com as discussões sobre um delicado processo de paz acompanhado com atenção pelos países ocidentais.Desde o "protocolo de cessar-fogo" assinado entre Kiev e os rebeldes na capital bielorrusa de 5 de setembro, o presidente ucraniano Petro Poroshenko propôs que se garanta um "estatuto especial" provisório nas regiões pró-russas do leste, acompanhado de eleições locais a serem realizadas em dezembro.
As propostas, adotadas pelos deputados, estarão no centro das negociações em Minks. Enquanto isso, a União Europeia (UE) e os Estados Unidos, que acusam a Rússia de atacar a soberania da Ucrânia ao ajudar os rebeldes com armas e tropas, aplicaram novas sanções contra a economia russa, à beira da recessão.
[SAIBAMAIS]O presidente Barack Obama foi enfático nesta condenação ao receber na quinta-feira o líder ucraniano na Casa Branca. Obama também felicitou Poroshenko por sua "difícil" decisão de conceder mais autonomia à região separatista do país como parte do plano de paz estabelecido com a Rússia.
Obama destacou o papel de liderança desempenhado pelo ucraniano, que, segundo o presidente americano, foi "fundamental em um momento muito importante para a história da Ucrânia." "Infelizmente, o que vimos também foi uma agressão russa, primeiro na Crimeia e, mais recentemente, em partes do leste da Ucrânia."
Obama disse que as ações da Rússia violaram a soberania da ex-república soviética e foram planejadas também para comprometer os esforços de Poroshenko por reformas.
O presidente americano também elogiou o colega ucraniano por promover uma legislação no Parlamento oferecendo mais autonomia a algumas localidades do leste do país, em uma tentativa de apaziguar os separatistas.
Obama afirmou que Washington e seus aliados continuarão pressionando a Rússia e apoiando os esforços da Ucrânia para recuperar a economia do país.
O líder ucraniano voltou a pedir a retirada das tropas russas de seu território, o fechamento da fronteira com a Rússia para a passagem de tropas e munições, e a libertação de reféns ucranianos.
Soldados russos na Crimeia
Em seu discurso ante o Congresso americano, Poroshenko advertiu sobre o potencial de uma nova Guerra Fria, mas destacou que ainda há uma oportunidade genuína para a paz em curto prazo. "Estou convencido de que as pessoas na Ucrânia e as pessoas na Rússia têm boa vontade suficiente para dar à paz uma última oportunidade e prevalecer contra o espírito do ódio", destacou.
A Ucrânia acusou na quinta-feira a Rússia de mobilizar quatro mil soldados na fronteira entre a Ucrânia e a península da Crimeia, integrada em março ao território russo.
As acusações da Ucrânia foram feitas depois que a Rússia mostrou seu apoio às primeiras concessões políticas concretas de Poroshenko aos separatistas pró-russos para tentar solucionar o conflito no leste da Ucrânia.
O ministro russo da Defesa, Serguei Shoigu, havia anunciado anteriormente que Moscou planejava reforçar seu dispositivo militar na zona da Crimeia devido ao agravamento da crise na Ucrânia e ao aumento de forças estrangeiras perto da fronteira russa.
Kiev teme a criação de uma zona sob controle dos separatistas pró-russos desde a fronteira entre Rússia e Ucrânia, a leste, até a fronteira com a Crimeia, ao sul.
Segundo a Otan, a Rússia mobilizaria 20 mil soldados em sua fronteira com a Ucrânia e também contaria com outros 1.000 militares no leste do país.
Os países ocidentais, que adotaram sanções especialmente contra o setor energético e bancário russo, acusam a Rússia de apoiar militarmente os separatistas pró-russos, alegações que Moscou desmente.
Nesse sentido, o presidente russo, Vladimir Putin, indicou na quinta-feira que estas sanções violam os princípios da Organização Mundial do Comércio (OMC).