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Alex Salmond renuncia, mas assegura um lugar na história da Escócia

Neste contexto, a promessa de novos poderes pelo governo central de Londres é vista como prêmio de consolação



Nascido no último dia de 1954 em um bairro de classe operária de Linlithgow, perto de Edimburgo, Alexander Elliot Anderson Salmond é um produto local puro como evidenciado por seu sotaque e bacharelado, em economia e história medieval pela prestigiosa Universidade de St. Andrews.

Sua sorte mudou em 1990, quando então deputado pelo Banff y Buchan assumiu as rédeas do marginal Partido Nacional Escocês (SNP). O converteu em centrista, quatro anos antes de Tony Blair fazer da "máquina trabalistas de perder" o glamouroso "New Labour".

David Torrance, autor de "Salmond: Against the Odds" (Salmond, contra todas as probabilidades), traça um paralelo entre os dois escoceses, dois homens mais pragmáticos do que dogmáticos. Para eles, "o que importa é o que funciona".

Em 2000, o SNP registrou um revés nas eleições para o Parlamento regional em Holyrood, recuperado pelo governo Blair, em nome da descentralização.

Alex Salmond deixou a liderança do seu partido "para sempre". "Eu mudei de ideia", disse ele com calma quatro anos depois.

Eleito primeiro-ministro regional em 2007, dominou o heterogêneo SNP com um punho de ferro. Deliberadamente provocador, lembrou que seu pai era um admirador do ditador soviético Joseph Stalin.

Em 2011, o SNP finalmente ganhou a maioria absoluta no Parlamento escocês. Salmond, que recrutou para sua causa o ator Sean Connery e que cultiva amizade com magnatas como Rupert Murdoch e Donald Trump, exigiu um referendo. E ele conseguiu.

Anti-Westminster


De acordo com seus colegas, ele tem "um temperamento explosivo" e um senso inato de proferir as palavras mais ofensivas e contundentes. Sua piada política favorita? "Há mais pandas gigantes (dois) no Zoo de Edimburgo que deputados conservadores para a Escócia". Na verdade, apenas um sobreviveu ao tsunami SNP.

Salmond carrega contra ele o "establishment" de Westminster, como é conhecido no Parlamento britânico e no mundo político de Londres, mas nega qualquer sentimento anti-britânico. Apesar de supostamente ser republicano, prometeu manter a rainha Elizabeth como soberana.

Comunicativo, não diz nada sobre sua vida privada. Sua esposa Moira, 17 anos mais velha que ele, raramente aparece ao seu lado. O casal não tem filhos.

Suas paixões? Ama corrida de cavalos e por um tempo fez previsões para um jornal de Glasgow. Desfruta com um bom vinho Bordeaux, o curry, e é fã de futebol, torcendo para o Hearts.

Também gosta de cantar. Com uma predileção por "Scots Wha Hae", que narra a vitória escocesa sobre os ingleses na Batalha de Bannockburn, há 700 anos.