Agência France-Presse
postado em 21/09/2014 09:43
Tirana - O papa Francisco denunciou neste domingo o uso da religião como pretexto para a violência, durante uma visita à Albânia, em um contexto de crescimento dos movimentos jihadistas no Oriente Médio e na África. "Que ninguém pense que pode se amparar em Deus quando planeja e comete atos de violência e abusos. Que ninguém use a religião como pretexto para as próprias ações contrárias à dignidade do homem e seus direitos fundamentais", disse o pontífice em Tirana, a capital albanesa.
O primeiro-ministro albanês, o católico Edi Rama, deu as boas-vindas ao papa, que também foi recepcionado de maneira calorosa por centenas de milhares de pessoas na praça Madre Teresa, onde celebrou uma missa.
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Em uma viagem em um carro aberto, Francisco parou diversas vezes para apertar as mãos dos albaneses e abraçar crianças. As medidas de segurança foram reforçadas diante do temor de eventuais ameaças de movimentos jihadistas contra o Papa. "A Albânia é um país que sofreu muito. Conseguiu alcançar uma paz entre suas diferenças religiosas. É um bom sinal para o mundo este equilíbrio a favor do bom governo", disse o Papa, de 77 anos, aos jornalistas durante o voo para Tirana.
Diante do presidente Bujar Nishani, Francisco saudou com carinho a "terra das águias, uma terra de heróis, que sacrificaram suas vidas pela independência do país, e terra de mártires, que deram testemunho de sua fé nos tempos difíceis da perseguição". O papa, para quem a Albânia é um modelo de convivência entre religiões, destacou que "o clima de respeito e confiança recíproca entre católicos, ortodoxos e muçulmanos é um bem precioso para o país e que adquire um destaque especial neste momento".
Neste sentido, criticou os grupos extremistas que "desnaturalizam o autêntico sentido religioso, distorcem e instrumentalizam" as diferenças entre as diversas confissões e as transformam em um "fator perigoso de conflito e violência".
Apesar do discurso mencionar todas as religiões, a principal referência era a violência do grupo jihadista Estado Islâmico (EI), acusado de cometer atrocidades no Iraque e na Síria. "Pertencemos a outra comunidade religiosa, mas, por respeito e reconhecimento, viemos receber a bênção do papa", disse o muçulmano Hysen Doli, de 85 anos, na praça Madre Teresa.
"Convivência pacífica e fraterna"
Diante dos líderes ortodoxo, muçulmano, bektaschi (corrente islâmica) e protestante, na Universidade Católica Nossa Senhora do Bom Conselho, Francisco, citando as palavras de João Paulo II em uma visita a Tirana em 1993, afirmou: "A verdadeira liberdade religiosa tem horror às tentações da intolerância e do sectarismo". "A religião autêntica é fonte de paz e não de violência! Ninguém pode utilizar o nome de Deus para cometer a violência! Matar em nome de Deus é um grande sacrilégio! Discriminar em nome de Deus é desumano" insistiu.
O Papa ressaltou a interdependência entre comunidades: "Não vivemos como entidades autônomas e autossuficientes, como grupos nacionais, culturais e religiosos", disse. Ele pediu também que se evite o relativismo, que consiste, segundo ele, em querer dialogar "sem partir de sua própria identidade, fingindo ter outra".
Na primeira viagem oficial na Europa desde que foi eleito em março de 2013, Francisco também homenageou uma igreja em pleno ressurgimento após uma ditadura marxista, precedida por cinco séculos de domínio otomano. Em 1967, o ditador Enver Hoxha proclamou a Albânia o primeiro "país ateu" no mundo. Várias igrejas e mesquitas foram destruídas.
Atualmente, dos três milhões de albaneses, os muçulmanos representam 56% da população, que tem ainda 15% de católicos e 11% de ortodoxos. A Igreja Católica é minoritária, mas dinâmica.
Antes de deixar o país, o pontífice recebeu um recipiente de cristal com terra do país de Madre Teresa de Calcutá - uma albanesa de origem macedônia. O presente foi entregue pelo primeiro-ministro em nome de todos os albaneses.
O primeiro-ministro albanês, o católico Edi Rama, deu as boas-vindas ao papa, que também foi recepcionado de maneira calorosa por centenas de milhares de pessoas na praça Madre Teresa, onde celebrou uma missa.
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Em uma viagem em um carro aberto, Francisco parou diversas vezes para apertar as mãos dos albaneses e abraçar crianças. As medidas de segurança foram reforçadas diante do temor de eventuais ameaças de movimentos jihadistas contra o Papa. "A Albânia é um país que sofreu muito. Conseguiu alcançar uma paz entre suas diferenças religiosas. É um bom sinal para o mundo este equilíbrio a favor do bom governo", disse o Papa, de 77 anos, aos jornalistas durante o voo para Tirana.
Diante do presidente Bujar Nishani, Francisco saudou com carinho a "terra das águias, uma terra de heróis, que sacrificaram suas vidas pela independência do país, e terra de mártires, que deram testemunho de sua fé nos tempos difíceis da perseguição". O papa, para quem a Albânia é um modelo de convivência entre religiões, destacou que "o clima de respeito e confiança recíproca entre católicos, ortodoxos e muçulmanos é um bem precioso para o país e que adquire um destaque especial neste momento".
Neste sentido, criticou os grupos extremistas que "desnaturalizam o autêntico sentido religioso, distorcem e instrumentalizam" as diferenças entre as diversas confissões e as transformam em um "fator perigoso de conflito e violência".
Apesar do discurso mencionar todas as religiões, a principal referência era a violência do grupo jihadista Estado Islâmico (EI), acusado de cometer atrocidades no Iraque e na Síria. "Pertencemos a outra comunidade religiosa, mas, por respeito e reconhecimento, viemos receber a bênção do papa", disse o muçulmano Hysen Doli, de 85 anos, na praça Madre Teresa.
"Convivência pacífica e fraterna"
Diante dos líderes ortodoxo, muçulmano, bektaschi (corrente islâmica) e protestante, na Universidade Católica Nossa Senhora do Bom Conselho, Francisco, citando as palavras de João Paulo II em uma visita a Tirana em 1993, afirmou: "A verdadeira liberdade religiosa tem horror às tentações da intolerância e do sectarismo". "A religião autêntica é fonte de paz e não de violência! Ninguém pode utilizar o nome de Deus para cometer a violência! Matar em nome de Deus é um grande sacrilégio! Discriminar em nome de Deus é desumano" insistiu.
O Papa ressaltou a interdependência entre comunidades: "Não vivemos como entidades autônomas e autossuficientes, como grupos nacionais, culturais e religiosos", disse. Ele pediu também que se evite o relativismo, que consiste, segundo ele, em querer dialogar "sem partir de sua própria identidade, fingindo ter outra".
Na primeira viagem oficial na Europa desde que foi eleito em março de 2013, Francisco também homenageou uma igreja em pleno ressurgimento após uma ditadura marxista, precedida por cinco séculos de domínio otomano. Em 1967, o ditador Enver Hoxha proclamou a Albânia o primeiro "país ateu" no mundo. Várias igrejas e mesquitas foram destruídas.
Atualmente, dos três milhões de albaneses, os muçulmanos representam 56% da população, que tem ainda 15% de católicos e 11% de ortodoxos. A Igreja Católica é minoritária, mas dinâmica.
Antes de deixar o país, o pontífice recebeu um recipiente de cristal com terra do país de Madre Teresa de Calcutá - uma albanesa de origem macedônia. O presente foi entregue pelo primeiro-ministro em nome de todos os albaneses.