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Mais de 130 mil curdos sírios fogem de jihadistas para a Turquia

De acordo com o vice-premier turco, o número pode aumentar caso prossiga a ofensiva dos extremistas

Mursitpinar - Pelo menos 130 mil sírios, em sua maioria curdos, buscaram refúgio nos últimos dias na Turquia para fugir do avanço do grupo Estado Islâmico (EI) no nordeste da Síria, onde os jihadistas cercam a cidade estratégica de Ain al-Arab. Os combatentes sunitas extremistas provocaram o êxodo dos moradores para a vizinha Turquia e assumiram o controle de pelo menos 64 localidades na região de Ain al-Arab (Kobane em curdo) desde a semana passada.



Confrontos violentos foram registrados entre os jihadistas, que têm armas pesadas e tanques, e os combatentes curdos, que defendem suas posições com a ajuda de correligionários que chegaram da Turquia. Os combates deixaram quase 70 mortos dos dois lados, segundo o OSDH, e a oposição síria no exílio já alertou para o perigo de uma "limpeza étnica". Até então, Ain al-Arab estava relativamente à margem do conflito na Síria e havia recebido quase 200 mil deslocados da guerra iniciada em 2011.

"Quando os integrantes do Daesh (o grupo Estado Islâmico) atacaram a cidade, nós ficamos com medo. Nas mesquitas eles afirmaram que tinham o direito de matar todos os curdos, dos 7 aos 77 anos", declarou o refugiado Sahab Basravi, em Mursitpinar. "Então pegamos as nossas coisas e fugimos da cidade imediatamente", disse. Em uma mensagem divulgada nesta segunda-feira em vários idiomas, o EI fez um apelo a seus fiéis para que matem os cidadãos dos países que integram a coalizão antijihadista liderada pelos Estados Unidos.

"Se vocês podem matar um incrédulo americano ou europeu - especialmente os maliciosos e sujos franceses - ou um australiano ou canadense, ou qualquer outro cidadão dos países que entraram em uma coalizão contra o Estado Islâmico, então confiem em Alá e matem por qualquer meio", afirma Abu Mohamed al-Adnani, porta-voz do EI, na mensagem divulgada em vários idiomas. "Matem o incrédulo, seja civil ou militar", completou. Bombardeios do governo sírio mataram no domingo 42 pessoas, incluindo 16 crianças, na província de Idlib (noroeste), informou o OSDH. O governo dos Estados Unidos, que se nega a enviar tropas terrestres ao Iraque e à Síria, deseja treinar e equipar os insurgentes moderados sírios para que possam enfrentar o EI, mas isto levaria algum tempo.