Agência France-Presse
postado em 23/09/2014 09:15
Hong Kong - O chefe do Executivo de Hong Kong sofreu nesta terça-feira (23/9) uma tentativa de cerco de estudantes em greve, que protestaram diante da sede do governo contra a decisão de Pequim de limitar o alcance do sufrágio universal. Centenas de estudantes do movimento pró-democracia se reuniram diante do gabinete do chefe do Executivo, do conselho legislativo e dos principais ministérios da região autônoma sob administração chinesa, no bairro portuário.Na segunda-feira (22/9), 13 mil estudantes, segundo os organizadores, faltaram as aulas no primeiro dia de uma semana de boicote nas universidades. A China, que recuperou Hong Kong em 1997, anunciou em agosto que o futuro chefe do Executivo local será eleito por sufrágio universal a partir de 2017, mas que apenas dois ou três candidatos selecionados por um comitê poderão disputar a votação.
[SAIBAMAIS]Uma coalizão de movimentos pró-democracia, liderada pelo grupo Occupy Central, organiza uma campanha desde então para denunciar o que muitos cidadãos do território consideram um controle cada vez maior de Pequim sobre as questões locais. Dez estudantes tentaram cercar nesta terça-feira o chefe do Executivo da ex-colônia britânica, Leung Chun-ying, quando ele deixava o gabinete após uma entrevista coletiva.
Mas o serviço de segurança conseguiu manter os estudantes à distância. "Isto é uma advertência. Vocês já perturbaram gravemente a ordem pública", afirmou um policial no alto-falante. "Hong Kong nos pertence", gritaram os manifestantes como resposta. Os estudantes esperam fortalecer o movimento democrático, apesar do líderes da campanha terem reconhecido recentemente que não existe a probabilidade de obter um recuo da China.
Vários dissidentes chineses, incluindo o ativista Hu Jia, pediram a intervenção da comunidade internacional. "Enquanto as manifestações se intensificam contra a violação por parte de Pequim de sua promessa de autorizar o sufrágio universal, existe um risco de que o tristemente célebre massacre da Praça Tiananmen (Paz Celestial) se repita em Hong Kong", escreveram em um texto publicado no Wall Street Journal. "Estados Unidos e a comunidade internacional têm a responsabilidade de evitar um novo massacre", completa o artigo.