Agência France-Presse
postado em 27/09/2014 12:55
Hong Kong - A polícia desalojou neste sábado cerca de 50 manifestantes que ocupavam desde a véspera a sede do governo de Hong Kong, para protestar contra a decisão de Pequim de manter sob seu controle a eleição neste território. A polícia disse que deteve 61 manifestantes, incluindo alguns adolescentes. A ocupação da sede do governo foi o auge de uma semana de desobediência civil na ex-colônia britânica.[SAIBAMAIS]Cerca de 2.000 manifestantes se encontravam na frente do prédio, para onde foram deslocados policiais com capacetes e escudos. A multidão vaiou os policiais, que retiraram pouco a pouco as 50 pessoas que ocupavam a sede governo.
"A polícia deveria prender os ladrões e não os estudantes, que foram a vanguarda dos protestos", gritavam os manifestantes.
Nas imagens de tv é possível ver a detenção do líder estudantil Joshua Wong, de 17 anos. Na sexta-feira, cerca de 150 manifestantes conseguiram entrar no prédio governamental. A polícia utilizou gás de pimenta para dispersar os manifestantes, que se protegeram com guarda-chuvas e máscaras médicas, conforme constatou a AFP.
"Não nos importamos se nos ferirem. Não nos importamos se nos prenderem. O que queremos é obter a verdadeira democracia", declarou o manifestante Wong Kai-keung. A China anunciou em agosto que o futuro chefe do executivo local seria eleito por sufrágio universal a partir de 2017, mas entre dois ou três candidatos escolhidos por comitê sob a autoridade de Pequim.
Desde que o Reino Unido devolveu Hong Kong à China, em 1997, o território se rege pelo acordo "um país, dois sistemas", que outorga mais liberdades civis, entre elas a liberdade de expressão e de manifestação. "Estamos decepcionados porque a polícia nos tratou como um objeto, como um obstáculo que deve ser removido", disse Lu Yiu, de 20 anos, que sofreu queimaduras no nariz e na garganta por inalação de gás de pimenta.
Em um comunicado, o governo "lamentou" os protestos dos manifestantes na sede do governo. Também confirmou que houve policiais e manifestantes feridos, sem dar detalhes. A ação de sexta-feira colocou fim a uma semana de protestos, que começaram na segunda-feira, quando 13.000 estudantes, segundo organizadores, se reuniram no norte da cidade.
Em julho, meio milhão de manifestantes saiu às ruas de Hong Kong para protestar pela influência cada vez maior de Pequim nos assuntos da cidade. Para o analista político Sonny Lo, esta última campanha marca uma mudança. "A partir de agora haverá mais enfrentamentos, talvez violentos, entre a policía e os cidadãos", disse à AFP.