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Choques violentos entre polícia e manifestantes pró-democracia em Hong Kong

Dezenas de milhares de pessoas, principalmente estudantes, querem eleições mais democráticas

Agência France-Presse
postado em 28/09/2014 22:06
Hong Kong - Policias e manifestantes se enfrentaram este domingo nas ruas de Hong Kong, invadidas por dezenas de milhares de pessoas reivindicando de Pequim maiores liberdades políticas, o que levou ao bloqueio de quase todo o centro da cidade. A campanha de desobediência civil é cada vez mais intensa na antiga colônia britânica, devolvida à China em 1997. Os habitantes de Hong Kong protestam, em particular, contra a decisão de Pequim de limitar o sufrágio universal.

A polícia disparou bombas de gás lacrimogêneo e fez uso de spray de pimenta, o que é muito raro em Hong Kong, contra os manifestantes, que invadiram e paralisaram uma importante via do centro.

[SAIBAMAIS]"É uma questão de vida ou morte", gritava Chan Kin-man, cofundador do Occupy Central, a organização pró-democracia mais importante. "Não temos armas até agora, não houve uma advertência quanto ao lançamento de gases" lacrimogêneos, explicou à AFP Harry Hung. "É incrível, trata-se de uma manifestação pacífica e a polícia usa a violência", continuou Jade Wong, outra manifestante.

Eles protestam contra o desejo de Pequim de continuar controlando de perto a eleição dos líderes do território, que goza de mais liberdades políticas que o resto da China. Em meio a nuvens de gás, muitos manifestantes gritavam "Que vergonha", constataram jornalistas da AFP.

Em um primeiro momento, os agentes lançaram mão de gás de pimenta para dispersar os manifestantes, que lotaram uma das principais avenidas da cidade, após saltar um cordão policial. Os manifestantes conseguiram paralisar o tráfego na avenida Connaught Road, uma das principais da cidade. Eles se dirigiam para o prédio onde fica a sede do governo e ao Conselho legislativo, em frente do qual há manifestantes acampados desde a sexta-feira.

O governo chinês manifestou apoio às autoridades de Hong Kong e advertiu que se opõe a "qualquer atividade ilegal que possa minar o império da lei e por em risco a tranquilidade social".

Occupy Central, um fator chave

O tamanho da mobilização de domingo se deve, em boa parte, à decisão do Occupy Central, a organização de maior visibilidade do movimento pró-democracia, de antecipar uma operação de protesto prevista, a princípio, a partir de 1; de outubro. A principal demanda dos ativistas é que os moradores de Hong Kong possam eleger por sufrágio universal o chefe do governo local, não necessariamente submetido às ordens de Pequim.

O governo central anunciou em agosto que a próxima eleição do líder local, em 2017, será realizada por sufrágio universal, mas que só poderão se apresentar dois ou três candidatos aprovados por um comitê leal a Pequim. O Occupy Central reivindica "a retirada" desta decisão e "uma reativação do processo de reformas políticas".

"Exigimos que o governo (local) de Leung Chun-ying apresente ao governo central um novo informe sobre reformas políticas, que reflita plenamente as aspirações à democracia do povo de Hong Kong", disse o Occupy. "Nosso objetivo é por o governo de joelhos", disse um dos líderes estudantis, Wong Hon-leung.



O chefe do Executivo de Hong Kong, Leung Chun-ying, respondeu afirmando em coletiva de imprensa que sua equipe está "decidida a se opor às ações ilegais de ocupação realizadas pelo Occupy Central". Esta organização, chefiada por dois professores universitários e um sacerdote, ameaçava paralisar, a partir de 1; de outubro, o bairro de negócios Central, ícone do poderio desta importante praça financeira.

Mas a mobilização estudantil decidiu mobilizar-se antes e pediu a seus militantes que se unam à manifestação. A deputada pró-democracia Claudia Mo declarou que cinco pessoas foram detidas, entre elas três de seus colegas do conselho legislativo, por tentar levar altos-falantes à manifestação de sábado em frente a esta organização.

Anteriormente, a polícia informou ter detido 74 pessoas.

Os manifestantes que protestam em frente ao prédio do governo e o poder legislativo parecem estar se preparando para um longo protesto. Por enquanto, foram instalados postos de primeiros socorros e contêineres para lixo reciclável. Eram distribuídos, gratuitamente, roupa de proteção, água e lanches.

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