Agência France-Presse
postado em 29/09/2014 10:49
Bagdá - O chefe do Estado Islâmico (EI) e "califa" autoproclamado, Abu Bakr al-Baghdadi, pouco aparece, mas os iraquianos terão a chance de "vê-lo" na televisão, em uma série satírica que pretende desconstruir a aterradora imagem do grupo extremista. Para os criadores da série, que teve o primeiro episódio exibido no sábado pelo canal público Iraqiya, ridicularizar Al-Baghdadi é uma forma de afastar o pavor provocado pelo EI.
O título da série, que é inglês é aproximadamente algo como "State of Superstition" (;O estado da superstição;), faz um trocadilho com a palavra árabe para califado. A divulgação das atrocidades do grupo, via internet, permitiu o avanço dos combatentes, às vezes sem a necessidade de luta, ante as aterrorizadas forças de segurança iraquianas.
"O objetivo é suprimir o medo que tomou conta do espírito das pessoas", explica Thaer Jiyad, produtor da série. "A única solução para estes grupos fundamentalistas é encará-los de frente. E isto começa por seus líderes", completa. Apesar da determinação, o perigo de uma possível vingança por fazer piada com os jihadistas provocou o afastamento de algumas pessoas do projeto.
"Tivemos algumas dificuldades, sobretudo quando alguns atores ficaram com medo de filmar, por sua segurança", admite o diretor Ali al-Qasem. Mas aqueles que finalmente embarcaram na série agora se consideram participantes na guerra antijihadista. "Todos devemos defender este país. Nós não utilizamos armas, mas podemos ajudar a derrotar o EI com o nosso trabalho", afirma Qasem. Mas se o programa é a nova arma iraquiana contra o EI, os primeiros tiros quase erraram o alvo.
Mudanças na série
Nos primeiros trechos do programa, que a Iraqiya exibiu diariamente durante semanas, a ideia que emergia era que o EI havia sido criado pela CIA, Israel e as monarquias do Golfo, algo que muitas pessoas acreditam no Iraque. Ainda disponíveis na internet, as imagens mostram um personagem vestido de vermelho com uma forca, comandando uma coluna de jihadistas no deserto.
Ele chega a um acampamento, onde um homem com um visual de caubói, obviamente americano, o leva até uma barraca para um casamento de conveniência com uma princesa judia. Atrás da noiva está uma mulher com óculos escuros, e elegantemente vestida de verde, uma referência explícita no Oriente Médio à primeira-dama do Catar, Mozah.
O Coringa, célebre vilão do Batman, Drácula e um anão também aparecem na cena, cantando uma paródia de hino jihadista, a trilha sonora da série. "O ovo quebrou, um bebê-EI apareceu", afirma a canção, enquanto na cena seguinte aparece o fruto do casamento: um Abu Bakr al-Baghdadi em miniatura, que sai do ovo.
Al-Baghdadi ordena então a um coral formado por oficiais do ex-partido Baath, do ditador Saddam Hussein, a recitação de seu programa violento: "Oh, decapitador, onde estás?", cantam em uníssono. Em uma cena final que lembra os filmes mais violentos, o califa elimina um a um os membros do Baath. Depois que os Estados Unidos e seus aliados, que incluem vários países do Golfo, como o Catar, começaram a bombardear o EI no Iraque e na Síria, os produtores da série correram para modificar as cenas. O caubói americano e Mozah desapareceram na nova versão do trailer.
O título da série, que é inglês é aproximadamente algo como "State of Superstition" (;O estado da superstição;), faz um trocadilho com a palavra árabe para califado. A divulgação das atrocidades do grupo, via internet, permitiu o avanço dos combatentes, às vezes sem a necessidade de luta, ante as aterrorizadas forças de segurança iraquianas.
"O objetivo é suprimir o medo que tomou conta do espírito das pessoas", explica Thaer Jiyad, produtor da série. "A única solução para estes grupos fundamentalistas é encará-los de frente. E isto começa por seus líderes", completa. Apesar da determinação, o perigo de uma possível vingança por fazer piada com os jihadistas provocou o afastamento de algumas pessoas do projeto.
"Tivemos algumas dificuldades, sobretudo quando alguns atores ficaram com medo de filmar, por sua segurança", admite o diretor Ali al-Qasem. Mas aqueles que finalmente embarcaram na série agora se consideram participantes na guerra antijihadista. "Todos devemos defender este país. Nós não utilizamos armas, mas podemos ajudar a derrotar o EI com o nosso trabalho", afirma Qasem. Mas se o programa é a nova arma iraquiana contra o EI, os primeiros tiros quase erraram o alvo.
Mudanças na série
Nos primeiros trechos do programa, que a Iraqiya exibiu diariamente durante semanas, a ideia que emergia era que o EI havia sido criado pela CIA, Israel e as monarquias do Golfo, algo que muitas pessoas acreditam no Iraque. Ainda disponíveis na internet, as imagens mostram um personagem vestido de vermelho com uma forca, comandando uma coluna de jihadistas no deserto.
Ele chega a um acampamento, onde um homem com um visual de caubói, obviamente americano, o leva até uma barraca para um casamento de conveniência com uma princesa judia. Atrás da noiva está uma mulher com óculos escuros, e elegantemente vestida de verde, uma referência explícita no Oriente Médio à primeira-dama do Catar, Mozah.
O Coringa, célebre vilão do Batman, Drácula e um anão também aparecem na cena, cantando uma paródia de hino jihadista, a trilha sonora da série. "O ovo quebrou, um bebê-EI apareceu", afirma a canção, enquanto na cena seguinte aparece o fruto do casamento: um Abu Bakr al-Baghdadi em miniatura, que sai do ovo.
Al-Baghdadi ordena então a um coral formado por oficiais do ex-partido Baath, do ditador Saddam Hussein, a recitação de seu programa violento: "Oh, decapitador, onde estás?", cantam em uníssono. Em uma cena final que lembra os filmes mais violentos, o califa elimina um a um os membros do Baath. Depois que os Estados Unidos e seus aliados, que incluem vários países do Golfo, como o Catar, começaram a bombardear o EI no Iraque e na Síria, os produtores da série correram para modificar as cenas. O caubói americano e Mozah desapareceram na nova versão do trailer.