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Peru distribui ajuda após tremor em Cuzco e estabelece zona de emergência

O governo peruano anunciou uma declaração de emergência na região por 90 dias para agilizar a assistência e socorrer os 575 afetados

Agência France-Presse
postado em 29/09/2014 17:45
Algumas pessoas morreram esmagadas pelos tetos, enquanto dormiam, ou se alimentavam

Lima -
Uma ampla operação humanitária era realizada nesta segunda-feira (29/9) em dois povoados de Cuzco (sudeste do Peru), com a distribuição de duas toneladas de ajuda a mais de 500 afetados por um terremoto no sábado, que deixou oito mortos e uma centena de casas destruídas.

O governo peruano anunciou uma declaração de emergência na região por 90 dias para agilizar a assistência e socorrer os 575 afetados. Muitos estão desamparados e abrigados em barracas de camping montadas em campos esportivos, ou em praças públicas, depois que suas casas de adobe ruíram completamente.

Com intensidade de 5,1 graus na escala Richter, o sismo teve epicentro registrado a apenas 8 km de profundidade e ocorreu às 21h35 locais, quando quase todos os moradores estavam dentro de suas casas precárias.

Algumas pessoas morreram esmagadas pelos tetos, enquanto dormiam, ou se alimentavam. Em outros casos, as paredes ou partes da casa caíram em cima dos moradores, segundo relatos de testemunhas a meios de comunicação locais.

Os afetados das localidades rurais de Misca e Cusibamba, no distrito de Paruru, na região de Cuzco, foram os primeiros a receber ajuda, como comida, remédios, cobertores e 35 barracas - informou a Defesa Civil peruana nesta segunda-feira.

O governo não descarta um eventual reposicionamento dos dois povoados, se for comprovada a existência de uma falha geológica na região.

Entre as vítimas fatais, três são menores de 15, 10 e 8 anos, e um deles é um recém-nascido com apenas 15 dias de vida, que morreu nos braços da mãe, de 22 anos.

Era esperado para esta segunda-feira o enterro de dois mortos, que serão sepultados em Misca, um povoado nas proximidades de Cuzco, habitado na maioria por agricultores pobres e que foi o mais atingido.

As autoridades peruanas entregaram caixões aos familiares para poder celebrar o velório dos falecidos em uma instalação municipal.

Acampamento em praças públicas

Em Minca, a Defesa Civil informou ter enviado 13 barracas para uma quadra de futebol de salão ao ar livre para receber 45 famílias. Já em Cusibamba, a praça principal da cidade se tornou um grande dormitório com 22 barracas instaladas, onde 70 famílias foram abrigadas.

A ajuda distribuída incluiu 1.806 rações de alimentos, colchões, cobertores, mamadeiras, panelas e utensílios, entre outros - informou a entidade.

No domingo, o presidente Ollanta Humala percorreu as cidades afetadas, prometendo aos moradores "ajudá-los a reconstruir essas casas, seu distrito". Ele afirmou ainda que "não há tempo para continuarmos nos lamentando. Já aconteceu o problema, que isso não nos derrote".

"Seu presidente da República, seu governo, não abandonará vocês. Vamos continuar apoiando vocês. Por enquanto, há alimentos, há barracas, cobertores. Não é suficiente, mas está chegando mais ajuda", acrescentou Humala.

O chefe de Estado declarou ainda que o pessoal da Defesa Civil fará uma avaliação geológica na região para determinar se o povoado de Misca deve ser realocado por uma eventual falha no subsolo.

O desabamento da maioria das casas em Misca chamou atenção, apesar da intensidade moderada do tremor. O diretor de Sismologia do Instituto Geofísico do Peru, Hernando Tavera, atribuiu o alcance do estrago ao fato de a profundidade do sismo ter sido registrada muito perto da superfície (apenas oito quilômetros), com epicentro 7 km a sudoeste de Misca.



O Peru tem sofrido uma sequência de sismos nos últimos meses. Um forte terremoto de 6,6 graus ocorreu no final de agosto em Ayacucho e se somou a outros tremores registrados em 4 de agosto em Piura (norte, perto da fronteira com o Equador) de 5,8 graus na escala Richter.

No Peru, os tremores são frequentes, porque o país se situa no Cinturão de Fogo do Pacífico, uma das regiões de maior atividade sísmica do planeta.

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