Agência France-Presse
postado em 30/09/2014 10:25
Milhares de pessoas saíram às ruas nesta terça-feira (30/9) em várias cidades da Catalunha, indignadas com a suspensão da consulta sobre a independência dessa região espanhola decretada pelo Tribunal Constitucional. A forte chuva que caiu durante toda a tarde em Barcelona não impediu que milhares de pessoas vestidas de amarelo lotassem a histórica Praça Sant Jaume, onde estão localizadas a sede do governo regional e a Prefeitura, aos gritos de "Independência" e "Vamos votar".
[SAIBAMAIS]"Nossa vontade não pode ser contida por uma lei. Se fosse assim, eu, como mulher, não teria conquistado o direito de votar se em algum momento da história alguém não tivesse quebrado a regra de que as mulheres não têm direito a voto", afirmou Benet de Montserrat, uma professora de inglês de 51 anos, em meio a um mar de guarda-chuvas.
A decisão do Tribunal Constitucional, a pedido do governo central espanhol, de suspender provisoriamente a consulta convocada no sábado pelo presidente regional Artur Mas, provocou indignação crescente entre os separatistas da região. A associação de promoção da cultura catalã Omnium e a Assembleia Nacional Catalã, entidades que organizaram as grandes manifestações de independência dos últimos anos, convocaram a população a ocupar as praças e prefeituras de todos os municípios da região, exigindo desobediência à suspensão judicial.
Além da Praça Sant Jaume, onde um painel digital faz a contagem regressiva para o dia 9 de novembro - dia em que deveria ser realizado o referendo -, outras cidades da Catalunha como Girona, Tarragona e Lérida tiveram manifestações reunindo centenas de pessoas em frente as suas prefeituras. "Nada pode nos parar, muito menos um tribunal de Madri, que não tem credibilidade e não merece qualquer respeito", disse Muriel Casals, presidente da Omnium, no ato central de Barcelona que contou com a participação de vários representantes de partidos políticos nacionalistas.
"Um juiz deve ser imparcial e este tribunal tem um histórico de não ser a favor de qualquer coisa que venha da Catalunha", declarou Miquel Eugenio, um assistente social de 28 anos. Maior autoridade judicial do país, o crédito desse tribunal é mínimo aos olhos de muitos nacionalistas desde que em 2010 privou a Catalunha de seu status de "nação" ao limitar um estatuto de autonomia aprovado por referendo em 2006.