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Libéria queima corpos de mortos, vítimas ou não do vírus ebola

Depois de mortos, os corpos se convertem em um "lugar ótimo para o vírus do ebola continuar se multiplicando, já que o sistema imunológico não funciona mais", segundo a organização Médicos Sem Fronteiras

A epidemia do vírus ebola tem obrigado as autoridades da Libéria a levar todos os mortos, sejam vítimas ou não da doença, para um crematório localizado a 15 km da capital Monróvia. "Queimamos todos os corpos, os que morreram co febre hemorrágica ou não. São ordens do ministério da Saúde", afirma Victor Lacken, porta-voz da Cruz Vermelha.


"Às vezes, as pessoas são agressivas. Têm medo e não confiam no governo", acrescenta Johnson Chea, assistente social da unidade especial de ebola.

A temporada de chuvas complica ainda mais a tarefa. "É muito mais perigoso quando chove. O vírus, que se transmite através dos fluidos, não pelo ar, se propaga com a água", explica Alex Wiah. O trabalho também implica desinfetar a casa do falecido.

Wiah afirma que o trabalho não lhe parece tão aterrador porque, antes de suas novas funções, era embalsamador de corpos. E as pessoas envolvidas nesse mutirão sanitário procuram se consolar com o salário que recebem: 1.000 dólares por mês, uma fortuna na Libéria.