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Líder do Boko Haram desmente em vídeo anúncio do exército sobre sua morte

"Aqui estou, vivo. Eu só vou morrer no dia em que Alá tirar minha respiração", afirma o líder do grupo islamista em um vídeo de 36 minutos

Agência France-Presse
postado em 02/10/2014 08:00
Kano - O líder do grupo islamita Boko Haram, Abubakar Shekau, desmentiu sua morte, como anunciou o exército nigeriano, em um vídeo obtido nesta quinta-feira pela AFP, no qual também afirma ter estabelecido um "califado" nas cidades sob seu controle.

"Aqui estou, vivo. Eu só vou morrer no dia em que Alá tirar minha respiração", afirma o líder do grupo islamista em um vídeo de 36 minutos. "Dirigimos nosso (...) califado islâmico" e aplicamos as punições previstas na sharia, a lei islâmica, completou.

Na semana passada, o exército nigeriano afirmou que Shekau estava morto e que o homem que se fazia passar por ele nos vídeos divulgados pelo grupo islamita também havia falecido em confrontos com os militares no nordeste do país.

Analistas americanos questionaram o anúncio do exército nigeriano. O vídeo obtido nesta quinta-feira mostra Shekau com roupas de camuflagem, botas, de pé na parte traseira de um carro, atirando para o alto com uma arma antiaérea.

Ele fala por 16 minutos, em árabe e em hausa, a língua mais utilizada no norte da Nigéria. Ao seu lado estão quatro homens armados e encapuzados. Nenhum elemento do vídeo permite saber quando foi gravado.

Shekau, que tem o mesmo aspecto físico que nos vídeos anteriores, chama de "propaganda" o anúncio de sua morte pelo exército.

Fontes militares e da polícia anunciaram a morte do líder islamista em 2009 e depois em 2013. Nas duas ocasiões a notícia foi desmentida pelo Boko Haram com vídeos de Abubakar Shekau.

Violência extrema


O Boko Haram já havia exibido cenas de violência extrema no passado, mas este vídeo mostra, com detalhes, imagens de um homem apedrejado até a morte por adultério, assim como um casal que recebe 100 chicotadas por relações fora do casamento.

Uma multidão, com homens, mulheres e crianças, observa as punições. Também não foi possível saber quando e onde foram gravadas as imagens. No dia 21 de agosto, nigerianos que fugiram de Buni Yadi, no estado oriental de Borno, afirmaram que o Boko Haram realizou uma campanha de execuções sumárias na localidade.

Outro vídeo obtido em 24 de agosto mostrava a execução de 20 homens capturados em Gwoza, também no estado de Borno.

As cenas violentas não são inéditas, mas foram divulgadas em um momento no qual outros grupos jihadistas, sobretudo os militantes do Estado Islâmico (EI) na Síria e Iraque, divulgam imagens similares.



O vídeo também mostra os destroços de um avião militar nigeriano, que desapareceu em 11 de setembro. O Boko Haram reivindicou ter derrubado a aeronave

O porta-voz da Força Aérea do país, Dele Alonge, afirmou à AFP que o avião desapareceu há algumas semanas e as buscas prosseguem."Para qualquer grupo, afirmar que derrubou o avião não passa de propaganda e lixo", disse.

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