Agência France-Presse
postado em 02/10/2014 11:28
Simferopol - Os tártaros da Crimeia denunciaram uma série de desaparecimentos inexplicáveis de membros de sua comunidade na península ucraniana anexada à Rússia em março, ao passo que vários ativistas tártaros já foram presos ou alvo de ataques nas últimas semanas.Cerca de 400 tártaros da Crimeia se reuniram na quarta-feira (2/10) perto da cidade de Belogorsk para manifestar sua preocupação com os desaparecimentos, incluindo o mais recente, de Edem Assanov, de 25 anos, na segunda-feira, de acordo com o canal desta minoria muçulmana ATR.
"Eu não sei o que meu irmão poderia ter feito. É um cara simples e um patriota tártaro, mas nunca se envolveu com política", declarou à AFP nesta quinta-feira sua irmã Feride Assanova.
Edem saiu de casa para trabalhar na segunda-feira e nunca mais foi visto, seu telefone continua desligado, informou.
Na semana passada, pessoas não identificadas em uniformes militares levaram a força em um micro-ônibus dois jovens tártaros, incluindo o filho de um militante do movimento de defesa dos tártaros da Crimeia, de acordo com o canal ATR, citando testemunhas.
As autoridades locais anunciaram a abertura de uma investigação sobre o sequestro, enquanto o primeiro-ministro da Crimeia, Sergey Aksionov, se reuniu com representantes da comunidade tártara, prometendo encontrar os desaparecidos, de acordo com um comunicado da sua assessoria de imprensa.
Fortes suspeitas nos desaparecimentos pesam sobre as forças de autodefesa da Crimeia, uma rede de grupos paramilitares pró-russos criada no final de fevereiro e que apoiou fortemente o referendo que aprovou a anexação da península à Rússia.
No início de março, um ativista da causa tártara foi sequestrado em plena luz do dia por membros das forças de autodefesa quando protestava sozinho em frente à sede da administração regional contra a interferência russa na península.
Seu corpo mutilado foi encontrado duas semanas depois, com sinais visíveis de tortura. Os mais de 300 mil tártaros da Crimeia, que representam cerca de 12% da população da península, boicotaram o referendo russo e dizem enfrentar muitas dificuldades desde a chegada das novas autoridades.