Agência France-Presse
postado em 05/10/2014 14:08
Honk Kong - Os manifestantes pró-democracia de Hong Kong anunciaram, antes que expirasse o ultimato do governo, sua retirada de alguns locais de protestos, apesar de continuarem com o movimento ao redor de prédios do executivo local.Os manifestantes que ocupavam há uma semana o bairro comercial de Mong Kok deixarão esse lugar e se unirão aos do bairro dos ministérios, anunciou o Occupy Central, principal coalizão pró-democracia, em seu Twitter.
Também anunciaram que abriram para a circulação uma das principais artérias, a Lung Wo Road, até agora bloqueada, para permitir que milhares de pessoas retornem na segunda-feira ao trabalho, depois de uma semana de paralisação em função das manifestações e de dois dias de comemorações da festa nacional chinesa.
No entanto, a decisão não foi imediatamente obedecida pelos estudantes, o outro grande grupo por trás do movimento.
Um jornalista da AFP em Mongkok indicou que alguns manifestantes foram embora, mas muitos continuavam determinado em seu protesto.
De fato, a Occupy Central indicou, um pouco mais tarde, que a Lung Wo Road, brevemente evacuada, foi outra vez ocupada.
[SAIBAMAIS]O chefe do executivo local, Leung Chun-ying, considerado uma "marionete" de Pequim pelos manifestantes que há uma semana pedem maiores liberdades políticas, havia lançado durante a noite um ultimato para que os militantes se dispersassem e voltassem para casa.
Leung Chun-ying expressou a determinação das autoridades para "tomar todas as medidas necessárias para restabelecer a ordem pública".
"É preciso permitir que os 7 milhões de habitantes de Hong Kong votem para uma vida e o trabalho normais", afirmou.
Diálogo
Na noite de sábado, os líderes estudantis dos abriram a porta ao diálogo com o governo local.
O principal sindicato estudantil de Hong Kong, que suspendeu as negociações com o governo diante da falta de ação da polícia durante os ataques contra os manifestantes na sexta-feira, admitiu se reunir com as autoridades caso a omissão da polícia seja investigada.
"O governo deve mostrar seu compromisso com a investigação dos fatos e dar uma explicação à opinião pública o mais rápido possível", disse a Federação de Estudantes de Hong Kong (HKFS), em referência às acusações de conluio entre as autoridades e a "tríade", a máfia chinesa.
As autoridades de Hong Kong negaram firmemente no sábado que o governo tenha recorrido à "tríade" para atacar os manifestantes. "Estas acusações são fabricadas e excessivas", disse o secretário de Segurança de Hong Kong, Lai Tung-Kwok.
A Anistia Internacional denunciou no sábado que mulheres que participaram das manifestações foram vítimas de agressões sexuais e assédio.
"Mulheres e meninas foram alvos de agressões sexuais, assédio e intimidação", assinalou a AI, acusando a polícia de faltar com seu dever de proteger os manifestantes na noite de sexta-feira diante dos ataques da "tríade".
Hong Kong, ex-colônia britânica, enfrenta a sua maior crise política desde a devolução à China, em 1997.
A "revolução dos guarda-chuvas", como é chamada nas redes sociais, tem uma grande repercussão no exterior, onde houve concentrações de apoio em vários países.