Agência France-Presse
postado em 07/10/2014 11:33
Os ocidentais intensificaram nesta terça-feira (7/10) seus esforços diplomáticos para salvar o cessar-fogo, constantemente violado no leste da Ucrânia, onde os combates entre o exército e os separatistas pró-russos deixaram 12 civis e militares mortos em 24 horas.Jornalistas da AFP em Donetsk ouviram durant a manhã fortes detonações e explosões procedentes do aeroporto, depois de um intenso tiroteio na segunda-feira ao anoitecer na mesma zona.
Este aeroporto de Donetsk, o único reduto que o exército ucraniano afirma controlar desde o mês de maio em uma cidade totalmente dominada pelos separatistas, está no centro de intensos combates há mais de uma semana.
[SAIBAMAIS]Por sua vez, os insurgentes também reivindicam um controle quase total desta instalação, que pode facilitar a circulação de ajuda procedente da Rússia. "Os rebeldes continuam com suas tentativas de atacar o aeroporto, seguem atirando contra as posições dos militares ucranianos em seu território", anunciou o centro de imprensa da operação do exército regular contra os separatistas.
Cinco soldados ucranianos morreram em 24 horas, um dos balanços diários mais elevados desde a instauração, no início de setembro, do cessar-fogo. O exército diz ter repelido um ataque rebelde perto de Mariupol, às margens do Mar de Azov, no sudeste da Ucrânia.
Estes ataques ocorreram embora uma trégua, instaurada em 5 de setembro e consolidada no dia 20 de setembro, supostamente devesse permitir a criação de uma zona desmilitarizada ao longo da linha de frente.
No entanto, quatro civis morreram na segunda-feira em Donetsk e três na região vizinha de Lugansk, segundo as autoridades locais, demonstrando mais uma vez a fragilidade do processo de paz.
Alemanha pede ajuda à Rússia
Segundo o ministério ucraniano das Relações Exteriores, o cessar-fogo foi violado mais de 1.200 vezes, o que custou a vida de 88 pessoas: 56 militares e 32 civis.
Esta situação foi o tema na segunda-feira de um conversa telefônica entre o presidente ucraniano, Petro Poroshenko, e a chanceler alemã, Angela Merkel, que, segundo Kiev, constataram "a falta de progressos importantes na aplicação do cessar-fogo".
O porta-voz da chanceler ressaltou ao fim desta conversa que "a Rússia deve exercer sua influência de uma forma muito mais pronunciada sobre os separatistas para contribuir a uma estabilização". "O prosseguimento dos disparos dos insurgentes ameaça o plano de paz", insistiu a presidência ucraniana.
A Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa (OSCE), encarregada de observar o cessar-fogo, anunciou na segunda-feira que dois primeiros aviões teleguiados (drones), de fabricação austríaca, haviam chegado à Ucrânia.
A OSCE espera no total quatro aeronaves que poderão sobrevoar a fronteira russo-ucraniana, assim como as zonas de combate. Espera-se que ajudem esta organização a descobrir mais facilmente os autores de violações da trégua.
Por sua vez, os Estados Unidos enviaram a Kiev a principal responsável pelas questões europeias no Departamento de Estado, Victoria Nuland, que entregará na quarta-feira aos guardas fronteiriços ucranianos equipamentos que permitirão reforçar a fronteira.