Agência France-Presse
postado em 07/10/2014 20:56
Hong Kong - Os líderes estudantis de Hong Kong e o Executivo local concordaram nesta terça-feira em realizar uma reunião para debater suas reivindicações na sexta-feira, enquanto a mobilização nas ruas diminui progressivamente. Pequenos grupos permaneciam nas ruas desta ex-colônia britânica após a decisão dos líderes estudantis de dialogar com o governo diante da pressão da opinião pública.[SAIBAMAIS]Entre 200 e 300 manifestantes permaneciam na manhã desta terça-feira em três pontos de concentração, onde há alguns dias se reuniam milhares de pessoas. A vida em Hong Kong começou a voltar à normalidade na segunda-feira, com a reabertura das escolas e o retorno ao trabalho de boa parte da população, incluindo 3 mil funcionários públicos que tiveram acesso à sede do governo.
Mas algumas ruas permaneciam bloqueadas nesta terça, o que levou várias linhas de ônibus a procurar rotas alternativas, engarrafando o trânsito e lotando o metrô. O movimento pró-democracia obteve o apoio de boa parte da população, mas após oito dias de paralisia em Hong Kong os habitantes perderam a paciência. Nesta terça-feira ocorreu a terceira rodada de negociações para definir os próximos passos. Um alto funcionário do governo declarou que novas negociações substanciais vão acontecer na sexta-feira entre os estudantes e a número dois do executivo local, Carrie Lam.
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"O dia e a hora do diálogo foram determinados. Definimos, em princípio, para as 16h00 de sexta-feira", declarou Ray Lau, responsável pelos Assuntos Constitucionais no governo local. Hong Kong enfrenta a maior crise política desde a devolução à China, em 1997. Apesar de a China concordar em estabelecer o sufrágio universal na próxima eleição para o Executivo do território autônomo em 2017, pretende manter o controle das candidaturas, uma proposta inaceitável para o movimento pró-democracia.
Os manifestantes também exigiam, em vão, a renúncia do número um do executivo, Leung Chun-ying, que é visto como um fantoche de Pequim. Em cenas pouco frequentes em Hong Kong, a polícia recorreu em 28 de setembro ao uso de gás lacrimogêneo contra os manifestantes. A imprensa local e internacional chegaram a evocar a repressão ao movimento democrático na praça Tiananmen (Praça da Paz Celestial) em 1989 que, de acordo com fontes independentes, deixou centenas de mortos em Pequim, sem contar no restante da China.