Agência France-Presse
postado em 09/10/2014 21:11
Washington - O governo dos Estados Unidos é capaz de fazer do país um espaço "perfeitamente seguro" e impedir a imigração ilegal, mas adotar procedimentos nesse sentido transformaria o território americano em uma "prisão", alertou nessa quinta-feira o secretário de Segurança Interna, Jeh Johnson.[SAIBAMAIS]Em discurso sobre as medidas adotadas pelo governo para controlar a onda de imigrantes em situação irregular na fronteira sul do país, Johnson afirmou que tornar o país impenetrável em nome da segurança não está nos planos de Washington. "Segurança interna significa alcançar um equilíbrio. Em nome da segurança interna, posso construir uma cidade perfeitamente segura, mas seria uma prisão", disse Johnson durante um discurso no Center for Strategic and International Studies (CSIS), em Washington.
De acordo com o secretário, é possível "construir mais barreiras, instalar mais dispositivos invasivos, fazer mais perguntas, pedir mais respostas e alarmar as pessoas até o ponto em que todos seremos suspeitos de tudo e optaremos por ficar em casa". No entanto, acrescentou, "isso nos custará o que somos como nação de pessoas que respeitam a lei, apreciam a privacidade, aproveitam a liberdade e celebram a diversidade. E de pessoas que não têm medo".
Por esse motivo, em relação à situação com a fronteira com o México, "simplesmente construir mais fronteiras não é a resposta" - defendeu. Os Estados Unidos, afirmou Johnson, possuem "a capacidade de Inteligência, equipamento de vigilância e tecnologia para fazer mais. Temos de ir nessa direção, de forma a concentrar recursos na Inteligência e vigilância para saber onde estão as ameaças" na fronteira sul.
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Para as pessoas que entram clandestinamente no país, a mensagem é muito clara: "nossa fronteira não está aberta à imigração ilegal e, se você vem ilegalmente, será enviado de volta de acordo com nossas leis e com nossos valores", afirmou. Em 2013, o Senado dos Estados Unidos aprovou uma ambiciosa reforma de toda a legislação migratória no país, mas o projeto de lei foi considerado sem futuro pela Câmara de Representantes, controlada pela oposição ao presidente Barack Obama.
Diante da impotência frente à aprovação da reforma migratória, Obama disse estar disposto a fazer uso de instrumentos próprios do Poder Executivo para avançar em aspectos específicos do programa. Ele decidiu, porém, adiar essas medidas até depois das eleições legislativas, que serão disputadas em novembro.
A imigração se tornou um assunto central este ano, devido à onda de milhares de crianças, em sua maioria centro-americanas, que cruzam a fronteira sul ilegalmente sem a companhia de seus pais.