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Malala passa de alvo dos talibãs a Nobel da Paz por luta pela educação

Há dois anos a estudante foi vítima de um crime à queima-roupa, dentro do ônibus escolar em que voltava para casa



Os talibãs, que haviam sido desalojados do vale pelo exército em 2009, decidiram então eliminar esta adolescente, acusada por eles de ser um instrumento da propaganda ocidental. Mas o ataque contra Malala teria o efeito inverso: comoveu o Paquistão e ainda mais o exterior, especialmente o Ocidente.

Malala se converteu, assim, em uma figura popular. Ela é vista em fotos junto a personalidades de todas as áreas, de David Beckham à rainha Elizabeth II. Além disso, a National Gallery de Londres expôs seu retrato, as lojas vendem camisetas com sua imagem, etc. Dois anos depois do atentado, Malala é mundialmente conhecida.

A pena mais forte que a espada

Mas esta "supermidiatização" desagrada muitos no Paquistão, atingido por atentados e pelas consequências da guerra no Afeganistão, perto do vale do Swat. Os círculos islamitas veem Malala como um agente dos Estados Unidos ou do Ocidente criado para corromper a juventude e propagar uma cultura antimuçulmana.

A adolescente, que ainda tem um pedaço da boca paralisado como sequela do atentado, responde aos seus opositores, como fez neste ano na sede da ONU em Nova York, proclamando que "a pena é mais forte que a espada" e que não sentia "nenhum ressentimento pelos talibãs" que a atacaram.

Malala sonha em fazer política no Paquistão. Mas, ao estar mais ameaçada do que nunca pelos talibãs, poderá algum dia voltar ao seu país natal?.

Para seu discurso na ONU, vestia um xale que havia pertencido a Benazir Bhutto, a única mulher que se tornou primeira-ministra de seu país, onde foi assassinada em 2007, ao retornar do exílio.