Mundo

Evo Morales caminha para reeleição à presidência da Bolívia

O primeiro presidente indígena do país deve conquistar com facilidade o terceiro mandato, turbinado pela bonança das commodities, pela mão estendida ao setor privado e pelas dificuldades da oposição

postado em 12/10/2014 08:05
O presidente no palanque em Cobija, em campanha pelo terceiro mandato: terreno conquistado nos antigos redutos da oposição
Com ampla vantagem sobre os adversários em todas as pesquisas, Evo Morales caminha para ser novamente reeleito presidente da Bolívia, hoje, e conquistar o terceiro mandato consecutivo. Com cenário econômico favorável e a simpatia popular, Morales chegou à reta final da campanha com 59% das intenções de votos, segundo sondagem da consultoria Equipos Mori. O segundo colocado, Samuel Doria Medina, aparecia 40 pontos atrás, com 18%. O bom desempenho nas urnas deve consolidar o sucesso da gestão esquerdista de Morales e selar o passado de instabilidade dos governos liberais que o antecederam.

De acordo com a atual Constituição boliviana, o presidente pode exercer apenas dois mandatos seguidos. Com a reforma constitucional de 2009, porém, Morales convenceu a Suprema Corte de que o mandato que exercia na época ; o segundo ; era o primeiro sob a nova Carta Magna. Embora apontado pela oposição como um líder populista, que buscaria permanecer no poder sem limite de prazo, uma pesquisa da Captura Consulting indicou que 79% dos bolivianos aprovam sua gestão.

Jerjer Justiniano, embaixador da Bolívia em Brasília, atribui a aprovação do chefe de Estado às políticas sociais de seu governo e à simpatia da população com o primeiro presidente de origem indígena ; mais de 60% dos bolivianos são descendentes de povos nativos. ;Morales é um político bem-sucedido, que representa a juventude e possui forte identificação com o povo;, descreve.



Além do importante componente étnico, o quadro econômico boliviano conspira em favor do mandatário. Sob a tutela de Luis Alberto Arce, ministro da Economia desde 2006, a Bolívia manteve uma política fiscal organizada, beneficiada pelo alto preço das commodities exportadas pelo país ; como soja, gás e minerais. O Fundo Monetário Internacional (FMI) estima que o país crescerá 5,4% em 2014, acima da taxa de 1,3% projetada para o conjunto da América Latina.

A nacionalização do setor de hidrocarbonetos proporcionou que a entrada de recursos oriundos do setor energético nos cofres públicos subisse de US$ 673 milhões, em 2005, para US$ 855 bilhões, em 2013, segundo dados da estatal YPFB. ;Morales deu muita sorte com o aumento da demanda por commodities. Ele teve uma folga fiscal que fez com que seu governo mantivesse a estabilidade econômica e desse conta das políticas de compensação social;, avalia Alberto Pfeifer, especialista em integração latino-americana e membro do Grupo de Análise da Conjuntura Internacional da Universidade de São Paulo (Gacint-USP).

A matéria completa está disponível , para assinantes. Para assinar, clique .

[SAIBAMAIS]

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação