postado em 13/10/2014 08:00
O sumiço de 43 estudantes em Iguala, no estado de Guerrero, sul do México, despertou uma onda de indignação no país. Os jovens foram vistos pela última vez em 26 de setembro, quando dezenas de alunos da Escuela Normal Rural Raúl Isidro Burgos (instituição de formação de professores normalistas) se envolveram em confrontos com policiais municipais. Segundo relatos, os ônibus em que viajavam os alunos foram alvo de uma emboscada de policiais e traficantes que deixou seis mortos e 25 feridos, além dos desaparecidos. Mexicanos organizaram protestos em diversas cidades do país e ao menos nove no exterior. Em poucos dias, o caso transformou-se num dos maiores desafios enfrentados pelo presidente Enrique Peña Nieto, que prometeu justiça e concentrou esforços para resolvê-lo com agilidade, uma tentativa de evitar que a insatisfação popular ganhe proporções ainda maiores.
O sumiço dos jovens é um retrato da dificuldade do Estado mexicano em reprimir a violência especialmente em áreas mais pobres, como Guerrero. Dois anos após assumir a Presidência com a promessa de recuperar a paz e mudar os rumos da guerra contra o narcotráfico, Peña Nieto parece seguir a trilha do antecessor, Felipe Calderón, que teve um mandato cercado de críticas sobre a incapacidade de conter grupos criminosos e evitar que policiais fossem aliciados por quadrilhas. ;É como um trabalho de bombeiro, precisam apagar o fogo o tempo todo e, por isso, não conseguem atacar a base do problema, não conseguem implementar as propostas;, explica Vidal Romero, coordenador do Departamento de Ciências Políticas do Instituto Tecnológico Autônomo do México (Itam).
Nos últimos meses, a despeito de esforços do governo para manter uma imagem positiva sobre a segurança interna, notícias sobre massacres ganharam destaque e a pressão por uma resposta eficiente e rápida se fortificou. Nos protestos, manifestantes cobram diretamente do presidente uma posição e exigem que os estudantes sejam devolvidos às família. Organizações internacionais e líderes estrangeiros também manifestaram preocupação com o caso. Em comunicado, especialistas das Nações Unidas reforçaram alertas da Organização dos Estados Americanos (OEA), dos Estados Unidos e de diversas Ongs. ;A investigação do assassinato e do desaparecimento forçado de estudantes em Guerrero é uma prova crucial para que o Estado mexicano mostre seu compromisso e respeito com os direitos humanos;, diz a nota.
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