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Marido de enfermeira com ebola na Espanha pede renúncia de autoridade local

O marido da enfermeira, que está hospitalizado, enviou à imprensa uma carta dirigida a Javier Rodríguez, chefe do Departamento de Saúde do governo regional madrilenho

Agência France-Presse
postado em 13/10/2014 18:06
Madri - O marido da enfermeira espanhola infectada pelo ebola enviou uma carta à imprensa nesta segunda-feira (13/10) denunciando falhas no controle da doença e pediu a renúncia de uma autoridade regional da saúde pública de Madri.

Teresa Romero, auxiliar de enfermagem do Hospital Carlos III, completava nesta segunda-feira seu oitavo dia de internação, após ter se tornado a primeira pessoa infectada com a doença fora da África. Ela estava na equipe que atendeu dois missionários repatriados da Libéria e de Serra Leoa, em agosto e setembro.

No mesmo hospital estão isoladas 15 pessoas que mantiveram contato com o último dos missionários ou com Romero desde que ela começou a se sentir mal, em 29 de setembro, até ser diagnosticada com ebola, em 6 de outubro. Elas estão sendo mantidas em observação e nenhuma apresenta sintomas.

Entre os hospitalizados está o marido da enfermeira, Javier Limón, que nesta segunda-feira enviou à imprensa uma carta dirigida a Javier Rodríguez, chefe do Departamento de Saúde do governo regional madrilenho.

"Peço que me expliquem como se põe um traje (nr: de proteção), já que, infelizmente, minha mulher não fez um mestrado. Teresa teve meia hora ou pouco mais para aprender com uma colega", denunciou o homem na carta, referindo-se a comentários feitos por Javier Rodríguez de que não é preciso fazer mestrado para se aprender a usar trajes de segurança contra o ebola.

Os sindicatos de profissionais da Saúde já tinham denunciado a formação insuficiente dos funcionários nos protocolos de segurança, principalmente relativa à retirada do traje de proteção depois do contato com um paciente com ebola, um dos momentos mais delicados segundo os especialistas. De acordo com um médico, Teresa teria tocado o próprio rosto com uma luva no momento em que tirava o traje e esta teria sido a origem da infecção.

Maior autoridade dos serviços de saúde de Madri, Rodríguez chegou a ironizar: "Não é preciso fazer um mestrado para explicar como se deve tirar ou vestir um traje. Mas, sem dúvida, deve-se ter mais capacidade de aprendizado que os demais".

Rodríguez também criticou o fato de Romero ter mantido uma vida normal depois de terem dito a ela que a febre que apresentava, inferior 38,6;C, não era indício de ebola.

"O protocolo não nos disse que não podia ser feito", criticou o marido, referindo-se ao fato de sua esposa ter saído de férias após o contato com os pacientes. O marido de Teresa ressaltou que, "em outros países, os enfermeiros são postos em quarentena após tratar um paciente com ebola".

"Entendo que, se tivessem feito isso, a minha mulher possivelmente não estaria entre a vida e a morte", prosseguiu Javier Limón. "O senhor tenha decência e peça demissão", escreveu, em tom de desafio a Rodríguez.

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