Mundo

Ministro da Defesa promete exército forte; 14 mortos no leste da Ucrânia

Primeiro-ministro da República autoproclamada de Donetsk, Alexander Zakharchenko, acusou Kiev de "não querer a paz" e continuar os ataques

Agência France-Presse
postado em 14/10/2014 13:10
Kiev - O novo ministro ucraniano da Defesa, Stepan Poltorak, se comprometeu nesta terça-feira (14/10) em formar um exército forte para restabelecer a paz no leste da Ucrânia, onde os combates fizeram 14 mortos pouco antes de um encontro, em Paris, entre os chefes da diplomacia russa e americana.

Sergue; Lavrov e John Kerry, artífices de um diálogo entre Moscou e Washington cada vez mais difícil pelas crises síria e ucraniana, devem se encontrar durante a tarde. Esta reunião precede uma outra entre os presidentes russo e ucraniano, Vladimir Putin e Petro Poroshenko, na sexta-feira (10/10) em Milão, na presença de líderes europeus.

Sete civis morreram e 17 ficaram feridos nesta terça-feira (14/10) em bombardeios na periferia de Mariupol, porto estratégico no Mar de Azov controlado pelas forças ucranianas, indicou o prefeito da localidade à AFP.

O exército ucraniano relatou, por sua vez, sete mortos em suas fileiras nas últimas 24 horas no leste do país. Trata-se de um dos balanços mais pesados desde a instauração de um cessar-fogo em 5 de setembro.

O conflito na Ucrânia já causou 3.600 mortes em seis meses, segundo a ONU.

"A Ucrânia necessita de paz e apenas forças armadas modernas e móveis, bem treinadas e bem equipadas podem garantir isso. Eu sei o que fazer", ressaltou Stepan Poltorak aos deputados que apoiaram sua nomeação pelo presidente Poroshenko.

Quarto ministro a ocupar o posto de ministro da Defesa desde a chegada ao poder dos pró-europeus em fevereiro em Kiev, o general Poltorak foi responsável pela criação da Guarda Nacional, unidade vinculada ao ministério do Interior formada por voluntários de Maidan, a praça de Kiev que foi o epicentro dos protestos que provocaram a queda do presidente pró-Rússia Viktor Yanukovytch.

Suas forças se envolveram nos confrontos mais difíceis no leste, enquanto o exército apresentava grandes dificuldades resultantes de uma falta de investimento evidente e de enormes burocracias.

O presidente Poroshenko declarou aos deputados que o novo ministro será responsável por "criar um sistema poderoso de defesa" e de "reconstruir o sistema de abastecimento" do exército.

Selando o abismo que separa Kiev e Moscou, o chefe de Estado também acabou por decreto com as celebrações do Dia do Exército no mesmo dia que a Rússia, definindo como nova data o dia da fundação da exército nacionalista ucraniano.

Forças ucranianas emboscadas em agosto

Anunciada a menos de duas semanas das eleições legislativas de 26 de outubro, a nomeação de Poltorak no lugar de Valeri Guelete;, próximo de Poroshenko, é o resultado das derrotas no leste.

O ex-ministro foi muito criticado por sua gestão da batalha de Ilova;sk, cidade estratégica na região de Donetsk, onde as forças ucranianas foram emboscadas em agosto, o que resultou em mais de 100 mortes em suas fileiras.

Desde então, os acordos de Minsk, incluindo o cessar-fogo, criaram esperanças de um verdadeiro processo de paz, que desapareceram com as sucessivas violações causando novas vítimas civis.

Em visita nesta terça-feira (14/10) a Ilova;sk, o primeiro-ministro da República autoproclamada de Donetsk, Alexander Zakharchenko, acusou Kiev de "não querer a paz" e continuar os ataques.

Do lado ucraniano, um porta-voz militar, Andrii Lysenko, indicou que a Rússia implantou uma unidade especial de inteligência militar em Novoazovsk, cidade nas mãos dos rebeldes a cerca de 50 km a leste de Mariupol.

A pressão do Ocidente permanece forte contra Moscou, com sanções sem precedentes que empurraram a economia russa à beira da recessão, enquanto sua moeda caiu para novos mínimos históricos nesta terça-feira (14/10) contra o euro e o dólar.

[SAIBAMAIS]Isolado do Ocidente, a Rússia tenta acelerar sua aproximação com seu vizinho chinês, e Vladimir Putin recebeu nesta terça-feira o primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, elogiando as relações econômicas entre os dois países.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação