Jacarta - Joko Widodo tomou posse nesta segunda-feira (20/10) como presidente da Indonésia, onde terá a difícil tarefa de reformar a terceira maior democracia do mundo.
Primeiro presidente da Indonésia sem vínculos com o ditador Suharto, Widodo declarou que cumprirá suas "obrigações como presidente da Indonésia da melhor maneira e a mais justa possível" três meses após sua eleição.
Vestido com um terno preto e o tradicional chapéu indonésio, Jokowi, como é conhecido no país, ouviu de pé o hino nacional ao lado de seu antecessor, Susilo Bambang Yudhoyono, antes de pronunciar seu discurso.
Participaram da cerimônia de posse vários líderes estrangeiros, entre eles o primeiro-ministro australiano Tony Abbott e o secretário de Estado americano John Kerry. Muitos partidários de Widodo se reuniram na capital Jacarta para comemorar a vitória. Mais de 24.000 policiais foram mobilizados para garantir a segurança da população.
Um show de heavy metal encerrará o dia de festividades. Jokowi é o primeiro presidente da Indonésia que não pertence à elite político-militar que governou o maior país muçulmano do planeta desde a queda do ditador Suharto em 1998.
Eleito em julho, após uma campanha muito disputada contra o polêmico ex-general Prabowo Subianto, Jokowi, de 53 anos, forjou carreira fulgurante na política graças à popularidade conquistada como prefeito de sua cidade natal e depois como governador de Jacarta.
Durante a campanha, prometeu priorizar a luta contra a corrupção endêmica e a redução da pobreza. Jokowi provocou muitas esperanças no país muçulmano de 250 milhões de habitantes, onde quase 40% da população sobrevive com menos de dois dólares por dia.
No entanto, o entusiasmo diminuiu logo após a eleição deste ex-vendedor de móveis que cresceu em uma cabana de bambu. A coalizão de Prabowo, majoritária no Parlamento, conquistou todas as posições-chave nas duas câmaras e aboliu a eleição direta de líderes locais, um sistema que permitiu Jokowi passar da obscuridade para a presidência.
Contudo, o ex-general se reuniu na sexta-feira com Jokowi pela primeira vez desde a eleição e exortou os partidos em sua coalizão que apoiem o novo presidente, uma declaração que reduziu a tensão entre os dois lados, mas foi recebida com cautela por analistas.
O novo presidente, que não tem experiência política a nível nacional, terá a difícil tarefa de implementar medidas cruciais para melhorar o acesso à saúde e à educação, reduzir a burocracia e fazer crescer a maior economia do sudeste asiático, especialmente quando não tem uma maioria parlamentar.
Para impulsionar o crescimento, que desacelerou no segundo trimestre até o menor nível em cinco anos (%2b5,12%), Widodo deve, de acordo com especialistas, reduzir drasticamente os subsídios sobre a gasolina, que representam 20% do orçamento do Estado.
[SAIBAMAIS]Esta reforma impopular, que gerou distúrbios no passado, permitira desbloquear fundos para aumentar o investimento e o desenvolvimento da infra-estrutura necessária para este arquipélago de 17.000 ilhas e ilhotas. Jokowi também procura melhorar o ambiente de negócios para atrair investidores estrangeiros.