Agência France-Presse
postado em 20/10/2014 18:34
Abuja - A Nigéria, país mais populoso da África, foi declarado nesta segunda-feira livre do Ebola pela Organização Mundial da Saúde (OMS), mas o vírus continua avançando em Guiné, Serra Leoa e Libéria, onde a epidemia matou mais de 4.500 pessoas.No mesmo dia em que as Nações Unidas anunciavam a morte de um terceiro funcionário da organização internacional em Serra Leoa, presidentes e ministros da Saúde de 12 países da América Latina e do Caribe realizaram nesta segunda em Havana uma cúpula "extraordinária" da Alba sobre o Ebola.
A ONU Mulher informou em um comunicado que Edmond Bangura-Sesay, que trabalhava como motorista para a agência desde 2005, faleceu no sábado após ter feito um exame que deu positivo para Ebola.
Ele foi colocado em quarentena em 14 de outubro, depois que sua esposa ficou doente. Ela permanece em tratamento em um centro de saúde para pessoas com Ebola e uma equipe médica da ONU trabalhava para rastrear as pessoas que tiveram contato com o motorista, informou a organização.
[SAIBAMAIS]Em Luxemburgo, ministros das Relações Exteriores da União Europeia (UE) consideraram nesta segunda que é necessário unir esforços para conter a epidemia e evitar que se transforme em uma ameaça global.
Também nesta segunda, a OMS declarou a Nigéria livre do vírus após um intervalo de 42 dias sem registro de nenhum novo caso de contágio confirmado. A chegada da epidemia ao país mais populoso da África causou grande preocupação no mundo.
"É um êxito espetacular que mostra ao mundo que o Ebola pode ser contido", disse o representante da OMS em Abuja, Rui Gama Vaz.
A epidemia foi contida no país depois de deixar um registro de 20 vítimas, incluindo oito mortos. As autoridades de combate ao Ebola atribuem esse êxito a uma resposta rápida e eficaz do governo.
Além das boas notícias da Nigéria, outras duas foram anunciadas nesta segunda. Uma médica norueguesa que tinha contraído o vírus durante uma missão em Serra Leoa foi curada, anunciou a organização Médicos sem Fronteiras (MSF), e em Madri, a auxiliar de enfermagem espanhola, o primeiro caso de contágio fora da África, teve seu primeiro exame negativo para o vírus.
"A evolução de Teresa Romero é positiva, o que é uma boa notícia, e nenhum dos 15 afetados apresenta sintomas", disse o ministro espanhol de Assuntos Exteriores, José Manuel García-Margallo, ao chegar à reunião em Luxemburgo.
- Alívio nos EUA, esperança no Canadá -
Nos Estados Unidos, após cinco dias sem o registro de novos casos, as autoridades de saúde se mostravam cautelosas, mas otimistas de que o vírus tenha sido controlado no país.
"Estamos mais aliviados, mas ainda prendemos a respiração", disse o prefeito de Dallas, Mike Rawlings.
A companheira de Thomas Eric Duncan, liberiano que morreu de Ebola no começo do mês na cidade do Texas (sul), está entre as 50 pessoas que saíram de três semanas de quarentena sem sintomas da doença após a exposição ao vírus.
Cerca de cem pessoas, a maioria profissionais de saúde, continuam sendo monitoradas no Texas depois de terem tido contato com Thomas, o primeiro paciente diagnosticado com Ebola fora da África, no fim de setembro.
Duas enfermeiras se infectaram enquanto cuidaram do liberiano no Hospital Presbiteriano de Dallas. A primeira, Nina Pham, se encontra estável em um hospital próximo de Washington. A família da segunda, Amber Vinson, disse em comunicado divulgado no domingo estar otimista sobre sua saúde e o tratamento que está recebendo no hospital de Atlanta, onde está internada, mas não deu detalhes sobre seu estado.
No domingo, um paciente americano que pediu para ter a identidade preservada, se recuperou da infecção por Ebola e recebeu alta do Emory University Healthcare, em Atlanta, Geórgia (sudeste).
O homem tinha sido infectado em Serra Leoa e foi repatriado com a ajuda do Departamento de Estado americano, e internado no hospital, em 9 de setembro.
No Canadá, um sinal de esperança: o país enviou o primeiro lote de doses de uma vacina experimental contra o vírus a hospitais de Genebra, onde será testado pela OMS, informou o Ministério da Saúde do país.
No total, serão enviados três lotes do Laboratório Nacional de Microbiologia de Winnipeg (centro).
- É preciso "um esforço maior" -
A presidente da Libéria, Ellen Johnson Sirleaf, alertou no domingo que uma geração de africanos está em risco com esta crise e fez um apelo para que o mundo inteiro participe da luta contra a febre hemorrágica.
Segundo os 28 chanceleres da UE, "é preciso união, coordenação e um esforço maior para conter o surto". Os ministros da UE pediram que a comunidade internacional alcance o objetivo de US$ 1 bilhão em ajuda, estabelecido pela ONU. Até agora, a UE prometeu EUR 500 milhões (cerca de US$ 630 milhões).
Uma das necessidades mais urgentes é a de equipes médicas especializadas, mas o risco de exposição ao vírus dificulta a tarefa.
As organizações não-governamentais pedem um esquema que garanta a retirada dos profissionais infectados para a Europa em um prazo de 48 horas. Do contrário, será difícil encontrar voluntários para conter a epidemia.
Em Havana, o presidente cubano, Raúl Castro, anunciou o envio de 90 novos médicos e enfermeiros cubanos para Libéria e Guiné na terça-feira, que se somarão aos 165 que já tinham viajado para Serra Leoa em 1; de outubro.
"Uma terrível epidemia se propaga hoje pelos povos irmãos da África e ameaça a todos nós", disse Raúl Castro.
A cúpula da Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América (Alba) foi realizada em um país que ocupa a vanguarda no combate ao Ebola, o que repercutiu positivamente nos Estados Unidos.
O bloco reúne Venezuela, Bolívia, Equador, Nicarágua, Cuba, Antigua e Barbuda, Dominica, Santa Lúcia, e São Vicente e Granadinas. Além dos nove integrantes, participaram Haiti, Granada e São Cristóvão e Nevis.
O jornal The New York Times elogiou nesta segunda-feira a impressionante contribuição da ilha no combate à epidemia e pediu que o presidente Barack Obama aproveite a oportunidade para normalizar as relações com Havana.
Na América Latina e no Caribe nenhum caso de Ebola foi detectado até o momento.
Os presidentes e ministros da Saúde desses países concordaram em reforçar a segurança nas fronteiras e em elaborar um "plano de ação" contra o Ebola na região, anunciou o presidente venezuelano, Nicolás Maduro.