postado em 22/10/2014 06:05
Dias depois de ter afirmado publicamente que os jovens mexicanos desaparecidos há quase um mês na cidade de Iguala, no sul do país, foram mortos e queimados por narcotraficantes, o padre e ativista social Alejandro Solalinde foi ontem à Procuradoria Geral da República do México (PGR) para apresentar denúncia formal. Solalinde diz ter conversado com quatro sobreviventes do episódio e acusa o governo federal de omitir a verdade para evitar desgaste político. ;Levaram os 43 estudantes a algum lugar, onde me disseram que eles tiveram de caminhar. Alguns estavam feridos, não sabemos quantos, e outros estavam mortos. Juntaram-nos, colocaram lenha e os queimaram com diesel;, disse Solalinde a jornalistas. A visita não tinha sido agendada e surpreendeu o titular, Jesús Murillo Karam, que não estava no local e deve receber o sacerdote amanhã.
[SAIBAMAIS]Indícios encontrados por investigadores corroboram a versão de que os desaparecidos teriam sido entregues aos criminosos por policiais aliciados a um cartel que atua no estado de Guerrero. Pistoleiros capturados no início do mês confessaram ter matado ao menos 17 estudantes, mas até ontem nenhum corpo tinha sido encontrado. A atuação do governo federal no caso foi criticada ontem por Jesús Peña Palacios, representante do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos. Em declaração na Câmara dos Deputados, Palacios afirmou que o Estado tinha elementos suficientes para qualificar o caso como desaparecimento forçado ; privação de liberdade por policiais ou autoridades do governo ;, mas falhou ao não aplicar os protocolos de busca.
Suspeitas de envolvimento de agentes de segurança e políticos no desaparecimento abriram uma crise de confiança nas autoridades de Guerrero. Ontem, o Senado federal analisou um pedido de anulação dos poderes estaduais, medida que, se aprovada, forçaria a renovação no Executivo, Legislativo e Judiciário do estado. Os congressistas recusaram a proposta, inicialmente, sob a alegação de que ;todos os poderes estão funcionando em Guerrero;. O presidente da casa, Miguel Barbosa, destacou que aplicar a intervenção provocaria ;um choque institucional e maior ingovernabilidade;. O assunto deve voltar à pauta em 4 de novembro, quando será tomada uma decisão definitiva.
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