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Manual do jihadista individual é aplicado ao pé da letra no Canadá

Dois canadenses responsáveis por ataques nos últimos dias aplicaram ao pé da letra o 'manual' da Al-Qaeda e do grupo Estado Islâmico (EI)

postado em 23/10/2014 13:44
Paris - Matar um soldado que estava de guarda diante de um monumento, atropelar militares em uma estrada: os dois canadenses responsáveis por ataques nos últimos dias aplicaram ao pé da letra o ;manual; da Al-Qaeda e do grupo Estado Islâmico (EI) em sua luta contra os infieis.

Há vários anos, a Al-Qaeda apela a seus partidários, em artigos e vídeos na internet, para que atuem sem esperar, sem ordens precisas e sem uma organização que os treine ou apoie, com a glorificação antecipada dos "heróis da jihad individual".

Antes da frente síria, era difícil e perigoso chegar a uma "terra de jihad", onde as infraestruturas das organizações islamitas, alvo dos bombardeios de aviões teleguiados americanos, tinham dificuldades para receber voluntários de todo o mundo.

Em 2010, na revista jihadista em língua inglesa Inspire, publicada no Iêmen, o americano convertido Adam Gadahn (conhecido como "Azzam o americano") já mencionava os "deveres da jihad individual".

Pouco depois, em um vídeo com o título "Apenas vocês são responsáveis por vocês mesmos", Gadahn afirmou: "Os muçulmanos do Ocidente devem saber que estão perfeitamente posicionados para desempenhar um papel decisivo na jihad contra os sionistas e os cruzados O que esperam".

As revistas jihadistas online publicaram várias fórmulas para a produção de bombas caseiras e listas de alvos, com os militares das potências ocidentais sempre nas primeiras posições, seguidos por políticos e locais que simbolizam o poder nos Estados Unidos e nos países aliados.

Também alegam que todos os meios são bons para atacar os alvos: tiros com armas de guerra ou de caça, facadas, bombas caseiras, espalhar veneno ou o uso de um veículo como arma.

Difíceis de neutralizar

Na edição de maio de 2012 da Inspire, Abu Musab al-Suri, ideólogo da Al-Qaeda, assinou um artigo com o título "Experiências jihadistas: os principais alvos da jihad individual", no qual apresenta uma lista, por ordem de prioridade, dos alvos que devem ser atacados: "as principais personalidades políticas que fazem campanha contra o islã, os grandes alvos econômicos e as bases e quartéis militares".

"O mujahedine deve praticar a jihad individual em sua terra, onde vive e reside, sem ter que enfrentar as dificuldades da viagem para as terras nas quais a jihad é possível", escreveu, antes de ressaltar que "o inimigo está em todas as partes".

Há algumas semanas, o EI, que não obedece a Al-Qaeda, também pediu aos muçulmanos que matem cidadãos dos países que integram a coalizão que combate o grupo jihadista no Iraque e na Síria, em particular americanos e franceses.

"Se podem matar um infiel americano ou europeu - em particular os malvados e sujos franceses - ou um australiano ou um canadense (...) contem com Alá e matem de qualquer maneira", declarou Abu Mohamed al-Adnani, porta-voz do EI.

Os analistas alertam há muito tempo para o risco representado por indivíduos isolados que, embora não tenham condições de organizar grandes ataques, são impossíveis de detectar quando se mostram discretos antes de entrar em ação. "Foi a revista Inspire que começou, afirmando que devem fazer", destaca à AFP Louis Caprioli, subdiretor da luta contra o terrorismo do serviço de inteligência francês de 1998 a 2004.

"Lembrem do soldado que foi atropelado e depois degolado em Londres em 2013. E agora o grupo renovou o apelo", comenta Caprioli. "Como neutralizá-los? É muito difícil. Precisamos de uma legislação adaptada, meios preventivos", completa.

Ele recorda que os autores dos ataques no Canadá "foram detectados, seus passaportes haviam sido confiscados, mas a legislação canadense não permite ir além".



[SAIBAMAIS]"Em casos como estes, a única solução é detê-los e prendê-los de maneira preventiva", afirma, antes de lembrar que isto será possível na França com uma nova lei antiterrorista que está sendo examinada no Parlamento.

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