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Descoberto na Argentina cemitério de dinossauros de 200 milhões de anos

O chefe da equipe de pesquisas explicou que se trata de uma jazida "realmente completa, com 113 fósseis, entre os quais há, no mínimo, 12 espécies novas"

Agência France-Presse
postado em 23/10/2014 19:46
Buenos Aires - Um sítio contendo cerca de cem fósseis de vertebrados de entre 200 a 210 milhões de anos, com pelo menos doze espécies desconhecidas, foi encontrado no oeste da Argentina, em uma descoberta importante para explicar por que surgiram os primeiros animais pré-históricos.

"É uma descoberta tremendamente relevante por sua composição faunística para saber o que aconteceu no Triássico Superior, por que apareceram os primeiros dinossauros, os primeiros mamíferos, as primeiras tartarugas e os primeiros pterossauros", explicou à AFP o paleontólogo Ricardo Martínez.

O chefe da equipe de pesquisas, formada por dez cientistas argentinos, explicou que se trata de uma jazida "realmente completa, com 113 fósseis, maravilhosamente preservados, entre os quais há, com segurança, no mínimo, 12 espécies novas". Uma das peças mais relevantes é um fóssil de pterossauro, um réptil voador, "o primeiro registro existente desta espécie no hemisfério sul e em uma região distante da costa".

Esta bacia geológica de grandes dimensões, da qual exploraram apenas "3% ou 5% do potencial", localiza-se em Marayes, 160 km ao sul da cidade de San Juan, 1.000 km a oeste de Buenos Aires. "Trata-se de uma região inóspita, árida, arenosa, de acesso muito difícil e onde não há água, com vegetação de montanha que danifica as caminhonetes. Fazemos os primeiros 120 km em uma hora e meia, mas para recorrer os últimos 40 km, demoramos mais de quatro horas", contou o especialista.

A província de San Juan já é conhecida pelas jazidas de fósseis de Ischigualasto, no Vale da Lua, com 600 km2 e 231 milhões de anos, onde também fica a formação Los Colorados, que contém restos paleontológicos de 213 milhões de anos. A descoberta do cemitério de dinossauros aconteceu por acaso, durante uma conversa casual, que despertou o interesse do cientista, chefe da Divisão de Paleontologia de Vertebrados do Museu de Ciências Naturais da Universidade de San Juan, dez anos atrás.

"Há mais de dez anos, um mateiro da região me contou que a irmã tinha encontrado ossos por ali e se perguntava se seria de vacas. Organizei uma pequena expedição e conseguimos encontrar os primeiros restos.... E não eram de vacas", lembrou Martínez. A partir de então, ele apresentou um projeto e conseguiu recursos do Ministério de Ciência e Tecnologia argentino, que lhe permitiram realizar duas campanhas.



Em 2012, fizeram a primeira descoberta "de uma concentração anômala de vertebrados, produto da ação orgânica", em uma região de 800 metros quadrados, mas em maio passado, a 8 km dali, encontraram a jazida. Agora, depois de meses de trabalho em laboratório para separar os fósseis das rochas, foi possível determinar que correspondem a uma época da qual ainda não havia registros.

A província de San Juan, vizinha à Cordilheira dos Andes, na região central do país, se soma a outras regiões de importante valor paleontológico, como a Patagônia Argentina, uma espécie de Jurassic Park de enorme valor científico, que não para de render descobertas.

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