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Curdos terão ajuda do Exército Sírio Livre para defender Kobane

Enquanto a chegada de reforços rebeldes parece ainda hipotética, Kobane deverá receber na próxima semana a ajuda de cerca de 200 combatentes armados da região autônoma do Curdistão iraquiano

Agência France-Presse
postado em 24/10/2014 14:35
Mursitpinar - Os combatentes curdos que defendem a cidade curdo-síria de Kobane frente aos jihadistas deverão receber ajuda de 1.300 efetivos do Exército Sírio Livre (ESL), um anúncio feito por Ancara e recebido com desconfiança pelos líderes curdos, que preferem a abertura de outras frentes de combate na Síria.

Enquanto a chegada de reforços rebeldes parece ainda hipotética, Kobane deverá receber na próxima semana a ajuda de cerca de 200 peshmergas, os combatentes armados da região autônoma do Curdistão iraquiano. Segundo anunciou o presidente turco Recep Tayyip Erdogan, "o PYD (Partido de União Democrática, o principal partido curdo sírio) aceitou o reforço de 1.300 homens do ESL e estão negociando o caminho pelo qual passarão".

Erdogan também informou que, em última análise, apenas 150 combatentes curdos iraquianos, os peshmergas, devem juntar-se às forças em Kobané (Ain al-Arab, em árabe) através do território turco. No entanto, os curdos sírios receberam com cautela o anúncio de reforços. Dois líderes, entrevistados pela AFP, ressaltaram que seria mais útil que os rebeldes sírios abrissem novos fronts contra o grupo extremista sunita.

O líder do PYD, Saleh Muslim, desmentiu Erdogan, acusando Ancara de "querer causar confusão", segundo a agência curda Firatnews. "Não temos nenhum problema com o ESL, que combate pela liberdade e a democracia e que respeita a vontade do povo curdo (...), mas sobre o que diz respeito ao comando do ESL que procura Erdogan, nós não o autorizamos a cumprir o papel de Cavalo de Troia, adotando as políticas e planos malucos de Erdogan", afirmou por sua vez o porta-voz das YPG (Unidades de Proteção do Povo Curdo), Bulat Jan.

O governo turco se esforça para se manter na gestão do conflito, lidando ao mesmo tempo com os curdos e com a sua própria população, que já expressa preocupação com a presença de quase 1,6 milhões de refugiados em seu território. As declarações de Erdogan coincidem com a informação transmitida na quinta-feira pela oposição síria, que revelou à rede Al-Jazeera que tropas seriam enviadas a Kobane nas próximas 36 horas.

Mais de 600 ataques


Apoiados pelos ataques aéreos da coalizão internacional em Kobane, os curdos combatem os jihadistas em várias frentes. Nesta manhã, trocas de tiros esporádicos e aviões sobrevoando esta cidade na fronteira com a Turquia podiam ser ouvidos. Cerca de vinte combatentes curdos assumiram posições em uma colina bombardeada na quinta-feira pela coalizão e substituíram a bandeira preta do EI pela verde, amarela e vermelha das YPG (Unidades de Proteção do Povo Curdo).

"O EI está sofrendo duras perdas diariamente. Há testemunhas que falam de corpos de combatentes jihadistas tirados das ruas após os ataques americanos ou da resitência feroz das YPG", assegurou à AFP o diretor do Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), Rami Abdel Rahman. Desde o final de setembro, os aviões da coalizão liderada pelos Estados Unidos lançam diariamente ataques contra posições jihadistas para ajudar a resistência curda a defender uma cidade que se tornou símbolo político e midiático da luta contra o EI.

No total, mais de 500 jihadistas morreram nos ataques aéreos na Síria, em sua maioria estrangeiros, de acordo com o OSDH. O EI conta em suas fileiras com dezenas de milhares de combatentes, segundo as Nações Unidas. A coalizão internacional já realizou mais de 600 ataques aéreos e lançou 1.700 bombas no Iraque e na Síria, indicou na quinta-feira o comando militar americano encarregado desta região, Centcom.

Avanço jihadista no Iraque

No Iraque, a situação é mais complicada, com o governo perdendo a batalha contra os jihadistas. Segundo autoridades americanas, o exército iraquiano precisaria de vários meses para lançar uma ofensiva de impacto. No norte, o EI voltou a sitiar o Monte Sinjar, onde milhares de civis da minoria Yazidi se refugiaram perante o avanço dos jihadistas.



Mais ao sul, o EI tomou uma nova zona no província de Al-Anbar, a oeste de Bagdá. Frente a esses avanços, o exército iraquiano, que possui atualmente 200.000 homens, em comparação com os 400.000 da época de Sadam Hussein, não está em posição para retomar os territórios conquistados pelo EI.

Após a dissolução do Exército que se seguiu à invasão americana em 2003, as novas tropas apresentam muitas dificuldades, entre elas um alto número de deserções. Em setembro, 30.000 soldados haviam abandonados as fileiras do Exército, o que obrigou o governo a declarar anistia aqueles que desejarem retornar. Neste contexto, os chefes de tribos sunitas apelaram à coalizão internacional para o envio de tropas terrestres. Mas o primeiro-ministro Haidar al-Abadi já expressou sua oposição à presença de forças estrangeiras.

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