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Mulá afegão é condenado a 20 anos de prisão por violentar uma menina

A vítima tentou esconder a agressão, mas teve que ser hospitalizada por causa de um sangramento

Agência France-Presse
postado em 27/10/2014 00:00
Cabul - Um mulá afegão foi condenado, neste fim de semana, a 20 anos de prisão por violentar uma menina de 11 anos, que tinha levado o caso aos tribunais, apesar da oposição de sua família, que ameaçava matá-la por tê-la "desonrado". A jovem foi estuprada em maio por Mohamed Aminulah Barez, um mulá que ensinava os preceitos da religião muçulmana a meninas no norte do Afeganistão.

[SAIBAMAIS]A vítima tentou esconder a agressão, mas teve que ser hospitalizada por causa de um sangramento. Os médicos descobriram, então, que tinha sido violentada e as autoridades detiveram o religioso. Segundo militantes feministas afegãs, a menina teve que fugir da família, que ameaçava matá-la por tê-la "desonrado" e se escondeu em um abrigo para mulheres.

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"Depois do estupro, a família da menina queria matá-la, ficou envergonhada demais. Até mesmo as enfermeiras do hospital não queriam cuidar dela enquanto sangrava", contou à AFP Hasina Sarwari, diretora da ONG Women for Afghan Women (WAW), na província de Kunduz (norte). "Membros de sua família gritavam: você deve morrer porque é uma vergonha para toda a nossa família. Vamos matá-la e vamos jogar seu corpo no rio", relatou Sarwari.

Segundo outro integrante da ONG, o mulá admitiu ter tido relações sexuais com a menina, mas tentou convencer a corte de que as relações foram consentidas para tentar reduzir a pena a 100 chibatadas. Mas o juiz Sulaiman Rasuli rejeitou o argumento, que poderia ter tornado a menina culpada de adultério, e condenou o mulá a 20 anos de prisão.

Segundo a advogada da vítima, Shaima Qasemi, a menina chorou diante da corte e pediu para que seu agressor fosse enforcado. "Agora, está aliviada por ver que o mulá irá para a prisão", acrescentou. No começo de outubro, cinco homens foram enforcados em Cabul por ter violentado quatro mulheres, uma medida que as organizações de direitos humanos consideram muito brutal.

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