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Farc admitem que suas ações prejudicaram a população colombiana

"Nós assumimos expressamente a responsabilidade por todos e cada um dos atos de guerra executados por nossas unidades", afirmou a guerrilha em um comunicado

Agência France-Presse
postado em 30/10/2014 12:16
Havana - A guerrilha Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) admitiu nesta quinta-feira (30/10), pela primeira vez, que suas ações afetaram a população civil colombiana. As Farc também se declararam dispostas a assumir sua responsabilidade no conflito.

"Reconhecemos explicitamente que nossas ações afetaram os civis. Nós assumimos expressamente a responsabilidade por todos e cada um dos atos de guerra executados por nossas unidades", afirmou a guerrilha em um comunicado lido para a imprensa por seu dirigente Pablo Atrato, no âmbito das negociações de paz realizadas em Havana.

Em 20 de agosto de 2013, a guerrilha reconheceu sua cota de responsabilidade por milhares de vítimas do conflito colombiano, mas esta é a primeira vez que o grupo admite, de forma explícita, que afetou a população civil.

"Como força política e militar beligerantes no conflito social e armado na Colômbia, desenvolvido há mais de 50 anos, é notório que temos participado ativamente, impactado o inimigo e afetado a população que vive mergulhada na guerra", observou Pablo Atrato.

O líder guerrilheiro ressaltou, porém, que "a população não tem sido alvo principal, nem secundário das ações defensivas, ou ofensivas das unidades armadas". "Ou seja, nunca houve nas Farc uma política para a vitimização sistemática e deliberada contra a população", acrescentou.

"Nos casos em que membros da insurgência causaram danos intencionalmente à população civil, sempre atuamos em resposta, adotando medidas contra os responsáveis", alegou. O conflito armado da Colômbia deixou aproximadamente 220 mil mortos - civis em sua maioria - e 5,3 milhões de deslocados, segundo números oficiais.



Já há algum tempo, o governo de Santos insiste em que as Farc deveriam reconhecer abertamente sua responsabilidade pelos danos a civis e assumir o compromisso de compensar as vítimas. Em 25 de julho de 2013, o presidente Santos também reconheceu, pela primeira vez, a responsabilidade do Estado colombiano nas "graves violações" dos direitos humanos durante o conflito armado, ao falar diante da Corte Constitucional para defender uma reforma jurídica no marco do processo de paz.

Maior guerrilha do país com cerca de oito mil combatentes, as Farc fizeram esse reconhecimento enquanto discutiam com a delegação do governo colombiano sobre a reparação das vítimas. Este é o quarto ponto, do total de seis, da agenda de negociação mediada por Cuba. Para abordar o tema da indenização das vítimas, as delegações das Farc e o governo receberam, na cidade cubana de Havana, grupos representantes dos abusos sofridos.

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