Agência France-Presse
postado em 30/10/2014 18:26
Jerusalém - Israel decidiu reabrir, nesta quinta-feira (31/10), a Esplanada das Mesquitas, em Jerusalém Oriental, mantendo, contudo, uma proibição de acesso a homens com menos de 50 anos - informou uma porta-voz da polícia israelense, Luba Samri.A decisão entrou em vigor à meia-noite desta quinta-feira (20H00 em Brasília), na véspera da grande oração muçulmana de sexta-feira.
Pela manhã, as autoridades israelenses tomaram a decisão de fechar a Esplanada das Mesquitas diante do aumento das tensões em Jerusalém Oriental, anexada e ocupada por Israel.
Segundo a fundação que administra a Esplanada, a decisão de fechar o terceiro lugar santo do Islã, que também é venerado pelos judeus, não tinha precedentes desde 1967 e a ocupação israelense.
O estatuto da Esplanada das Mesquitas é motivo de tensão permanente. Os muçulmanos temem que o governo israelense autorize os judeus a rezar no local, o que não é permitido até o momento. Eles suspeitam que tal permissão seria o primeiro passo para destruir as mesquitas, com o objetivo de construir o terceiro templo judaico.
O presidente palestino, Mahmud Abbas, considerou o fechamento uma "declaração de guerra", assim como os recentes atos israelenses em Jerusalém Oriental. A Jordânia, que controla a fundação que administra a Esplanada, acusou Israel de "terrorismo de Estado".
Já a Al-Azhar, uma das mais prestigiadas autoridades do Islã sunita, denunciou como "um ato hostil e bárbaro".
A Al-Azhar acusou Israel de querer "tomar o controle da mesquita de Al-Aqsa" e fez um apelo "ao mundo muçulmano e à comunidade internacional para que impeçam este ato bárbaro que exacerba o conflito religioso e causa instabilidade na região".
A decisão de fechar a Esplanada ocorreu em meio a uma nova escalada da tensão após um ataque a um ultranacionalista judeu seguido da morte de um palestino suspeito da agressão.
Na Cidade Velha, jovens palestinos e policiais israelenses voltaram a entrar em confronto no bairro onde a polícia matou, na manhã desta quinta-feira, um palestino suspeito de ter ferido gravemente na quarta Yehuda Glick, uma personalidade da extrema-direita israelense.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, anunciou o envio de reforços "significativos" da polícia a Jerusalém.
A polícia foi colocada em estado de alerta em todo o país. As forças de segurança estavam presentes em grande número nas ruas da Cidade Velha, onde os comerciantes fecharam as portas.
Muatez Hijazi, o palestino suspeito de matar Glick, foi abatido a tiros pela polícia israelense pouco antes das 06h00 (02h00 de Brasília).
O homem de 32 anos "foi morto em sua casa no bairro de Abu Tor, Jerusalém, por uma unidade das forças especiais da polícia após uma troca de tiros", afirmou o porta-voz das forças de segurança, Micky Rosenfeld.
Para muitos moradores da área, a polícia assassinou o palestino "pura e simplesmente".
Muatez Hijazi havia passado dez anos em uma prisão israelense "por atividades terroristas", segundo a Rádio Israel. O movimento radical Jihad Islâmica o apresentou como um de seus integrantes.
Glick é um militante que exige há vários anos o direito dos judeus de rezar no Monte do Templo, nome dado pela comunidade judaica à Esplanada das Mesquitas. Ele foi atingido na barriga e no peito, segundo seu pai, e está em condição grave, mas estável.
Sua reivindicação é uma das principais causas das atuais tensões em Jerusalém Oriental.