Agência France-Presse
postado em 02/11/2014 11:02
Donetsk - Os habitantes das regiões separatistas pró-Rússia do leste da Ucrânia comparecem às urnas neste domingo para eleições polêmicas, reconhecidas pela Rússia, mas rejeitadas pelos países ocidentais e Kiev, que denunciou uma "tomada de poder" inconstitucional. As eleições no leste da Ucrânia devem escolher os presidentes e os representantes dos Parlamentos das regiões separatistas acontecem em um momento de aumento dos combates.[SAIBAMAIS]Horas depois do início da votação, as autoridades ucranianas abriram uma investigação criminal por tentativa de "tomada de poder" e "alteração da ordem constitucional". A investigação responde a "atos que têm como objetivo revogar a ordem constitucional e tomar o poder", afirmou um diretor dos Serviços de Segurança (SBU), Markian Lubkivski, que chamou de "terroristas" os representantes das repúblicas autoproclamadas de Donetsk e Lugansk.
O primeiro-ministro da autoproclamada República Popular de Donetsk, Alexander Zajarchenko, que parece ter a vitória assegurada, afirmou durante a semana que as "eleições permitirão constituir um governo legítimo". "Esta votação dará legitimidade ao nosso poder e nos afastará um pouco mais de Kiev", declarou ainda Roman Liaguin, diretor da comissão eleitoral em Donetsk. Na também autoproclamada República Popular de Lugansk, o presidente Igor Plotnitski também deve vencer a votação.
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A Rússia anunciou que reconhecerá o resultado das eleições, mas para Kiev, a União Europeia e os Estados Unidos os pleitos não apresentam nenhum valor. O presidente ucraniano, Petro Poroshenko, denunciou "as pseudo-eleições que os terroristas e os bandidos querem organizar nos territórios ocupados", enquanto a ONU e a UE consideram que as votações afetarão negativamente os acordos de Minsk.
Os acordos, assinados em 5 de setembro entre Kiev e os separatistas pró-Rússia, assim como pela Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa (OSCE) e Rússia, deveriam abrir um processo de paz que parece estar paralisado. Bruxelas considera que as eleições constituem uma violação dos acordos de Minsk. Moscou e os separatistas pró-Rússia pensam o contrário.
O texto ratificado na capital de Belarus prevê a organização de eleições para os conselhos locais, de acordo com a lei ucraniana, mas sem referência a eleições legislativas ou presidenciais nas regiões pró-Rússia. A votação pode complicar os esforços de paz, em um momento no qual o cessar-fogo parece ter sido esquecido com a retomada de combates em várias regiões, que deixaram 300 mortos nos últimos 10 dias, segundo a ONU.
Todos os candidatos das eleições, que não contam com observadores enviados por organizações internacionais, defendem a independência a respeito da Ucrânia e a aproximação da Rússia.
Também não é possível saber o número exato de eleitores, porque muitos dos quase cinco milhões de registrados na justiça eleitoral ucraniana antes do conflito fugiram da região em consequência dos combates.