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Iraque em alerta máximo por causa da Ashura; EI comete massacre em tribo

Entre 250 e 400 membros desta pequena comunidade já foram assassinados pelo grupo extremista nos últimos dias por se oporem aos jihadistas na província de Al-Anbar

Agência France-Presse
postado em 03/11/2014 15:14

Bagdá - Os jihadistas do grupo Estado Islâmico (EI) executaram mais uma vez membros de uma tribo no oeste do Iraque, onde as forças de segurança estão em alerta máximo para impedir atentados por ocasião da grande celebração xiita da Ashura.

O grupo provou mais uma vez seu extremismo ao executar no domingo (2/11) ao menos 36 pessoas, incluindo mulheres e crianças, da tribo sunita Albu Nimr, no oeste do Iraque, informaram nesta segunda-feira (3/11) um líder tribal e um oficial.

Entre 250 e 400 membros desta pequena comunidade já foram assassinados pelo grupo extremista nos últimos dias por se oporem aos jihadistas na província de Al-Anbar, no leste do Iraque, controlada em grande parte pelo EI. "Há mais de mil pessoas sem nada", informou o líder tribal o xeque Naim al-Kuoud al-Nimrawi. Os jihadistas "emitiram uma fatwa pregando a morte, incluindo de bebês, da tribo Albu Nimr", disse ele.

Em meio à violência no oeste do país, dezenas de milhares de policiais e soldados foram mobilizados em Bagdá e na estrada que leva a Kerbala, 110 km mais ao sul.

É nesta cidade sagrada xiita que milhares de peregrinos são esperados na terça-feira (4/11) para as celebrações da Ashura, que comemora a morte do Imã Hussein, o neto de Maomé e uma das figuras mais respeitadas do xiismo enterrado em Karbala. Os xiitas são considerados hereges pelo EI.

Desde sábado (1/11), "um plano de segurança foi posto em prática para garantir a segurança dos peregrinos e nossas forças estão em alerta máximo", indicou à AFP um coronel da polícia.

Em Bagdá, as ruas foram fechadas, assim como alguns bairros xiitas, como Azamiyah, enquanto medidas de segurança estão em vigor em Sadr City.

Este distrito e o centro da cidade foram alvos no domingo de dois atentados suicidas reivindicados pelo EI, que se gabou em um comunicado de ter "frustrado todos os dispositivos de segurança do governo safávida - referência depreciativa aos xiitas no poder em Bagdá". "Centenas de milhares de peregrinos iraquianos" e 65.000 de 20 países já chegaram a Kerbala, segundo o vice-governador da província Jassem al-Fatlawi.

Para garantir a sua segurança, mais de 26.000 membros das forças de segurança e milícias serão mobilizados na cidade, com o apoio de helicópteros.

A multidão de devotos deverá passar por portões de controle nas entradas da cidade santa, e 1.500 policiais irão supervisionar a passagem de mulheres peregrinas, de acordo com um porta-voz. "O perigo é maior do que nos últimos anos, quando já havia terrorismo, mas nunca em tais níveis", disse um coronel da polícia, referindo-se a ascensão do EI.

Medidas excepcionais também foram adotadas em Beirute, onde a periferia sul, um reduto do Hezbollah xiita, será completamente bloqueada pela primeira vez na terça-feira (4/11).

Peshmergas em ação em Kobane

Acusado de crimes contra a humanidade, o EI é responsável por atrocidades terríveis, incluindo estupros, sequestros, execuções, crucificações e limpeza étnica nas áreas conquistadas no Iraque e na Síria.

Em Bukamal, uma cidade no leste da Síria sob seu controle, os jihadistas decapitaram oito rebeldes antes de exibir seus corpos em cruzes, informou o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).

Estes homens teriam sido executados depois de se renderem ao EI, acreditando que seriam perdoados. Em Kobane, a cidade no norte da Síria que se tornou o símbolo da resistência ao EI, os reforços de curdos iraquianos começaram a participar nos combates ao lado de seus companheiros para tentar expulsar os jihadistas que sitiam a cidade desde 16 de setembro, de acordo com a principal milícia curda síria.



Os aviões da coalizão liderada pelos Estados Unidos têm os apoiado realizando ataques aéreos diários. Entre domingo e segunda, quatro ataques foram realizados contra posições do EI, de acordo com o comando militar americano responsável pela região (Centcom).

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