Dachau - O presidente do Conselho Central de Judeus da Alemanha, Dieter Graumann, chamou de "profanação monstruosa" o furto do portão do antigo campo de concentração nazista de Dachau, nos arredores de Munique - segundo entrevista publicada no jornal "Bild". "Esta profanação é monstruosa e chocante. Quem faz esse tipo de crime ou deve ser meio louco, ou deve ser cruel. Talvez os dois", declarou Graumann à edição on-line do cotidiano alemão.
Um portão de ferro com a inscrição em alemão "Arbeit macht frei" (O trabalho liberta, em português) foi furtado do antigo campo de concentração nazista, informou a polícia no domingo (2/11).
O furto, notado na manhã de domingo (2/11), parece ter sido cometido na madrugada de sábado para domingo, entre 23h45 e 5h30, de acordo com o boletim policial.
A diretora do museu do campo de Dachau, Gabriele Hammermann, afirmou que se trata de uma "tentativa deliberada e lamentável de ferir a memória dos crimes que foram cometidos nesse lugar". "É óbvio que ainda temos um longo caminho pela frente para fazermos nosso trabalho de memória sobre esse período da História, então, devemos nos esforçar para preservarmos esses lugares que cumprem uma grande função educativa", acrescentou Hammermann.
O ministro regional da Educação da Baviera, Ludwig Spaenle, foi ao local nesta segunda-feira e denunciou o que classificou de "ato odioso".
A chanceler alemã, Angela Merkel, não se pronunciou sobre o episódio. Nesta terça-feira, ela deve receber o prêmio André Delpech, concedido pelo Comitê Internacional de Dachau (CID). A distinção foi criada para reconhecer e saudar pessoas que apoiaram essa associação que representa os antigos prisioneiros de Dachau.
Em 20 de agosto de 2013, Merkel se tornou a primeira chefe de governo alemã a visitar o campo. Na ocasião, ela manifestou sua "profunda tristeza e vergonha" diante das vidas devastadas pelo horror nazista.
Localizado nos arredores de Munique, na calma cidade de Dachau, o campo de concentração foi aberto há 80 anos, em 22 de março de 1933 - menos de dois anos após a ascensão de Adolf Hitler ao poder.
[SAIBAMAIS]Mais de 206 mil prisioneiros vindos de mais de 30 países ficaram presos em Dachau. Entre eles, mais de 41 mil foram mortos, ou morreram de fadiga, de fome, ou de doença, antes que o campo fosse libertado pelos americanos, em 29 de abril de 1945. O campo recebe anualmente cerca de 800 mil visitantes de todo o mundo.