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Branson rebate críticas a programa espacial da Virgin Galactic

Ele reconheceu que a ativação prematura de uma alavanca poderia "muito bem" ser a causa da queda da aeronave no deserto de Mojave, na Califórnia (oeste)

Agência France-Presse
postado em 03/11/2014 20:34
Londres - O empresário da Virgin Galactic, o bilionário britânico Richard Branson, insistiu nesta segunda-feira que não abre mão do plano de mandar turistas ao espaço e, embora tenha criticado as especulações sobre as causas do acidente com sua nave, admitiu que o problema em uma alavanca pode ter sido a causa.

Branson reconheceu que a ativação prematura de uma alavanca poderia "muito bem" ser a causa da queda da aeronave no deserto de Mojave, na Califórnia (oeste).

No entanto, reagiu ao que chamou de críticas "nocivas" feitas por "auto-denominados especialistas".

"Nunca vi insinuações tão irresponsáveis e nocivas", disse o empresário à TV britânica Sky News, respondendo aqueles que lembraram nos últimos dias que a Virgin recebeu alertas sobre a segurança do combustível que usava para seus veículos.


[SAIBAMAIS]Branson agradeceu aos investigadores da Junta Nacional de Segurança nos Transportes (NTSB, na sigla em inglês), dos Estados Unidos, por ter antecipado que o depósito de combustível e o motor foram encontrados intactos.

"Os tanques de combustível e o motor estavam intactos, o que significa que não houve explosão, apesar de todos os autoproclamados especialistas terem dito que esta foi a causa", sentenciou.

O acidente matou um dos dois pilotos e feriu gravemente o segundo. A SpaceShipTwo tem capacidade para transportar seis passageiros, além dos dois pilotos.

A nave partiu por volta das 09h20 locais (14h20 de Brasília) da base espacial de Mojave. Separou-se do veículo de lançamento WhiteknightTwo por volta das 10H00 locais (15h00 de Brasília). Doze minutos depois, "sofreu uma grave anomalia que se traduziu em sua destruição", enquanto o WhiteKnightTwo aterrissou sem problemas.

À frente da investigação, a NTSB descobriu que a cauda móvel da nave havia sido ativada antes do tempo pelo copiloto e que, segundos depois, o avião teria mergulhado no vazio.

A cauda, equipada com vários aerofólios, serve para frear e estabilizar a aeronave.

A ativação ocorreu quando o avião voava a uma velocidade inferior à prevista para este procedimento, explicou o presidente da NTSB, Christopher Hart, durante coletiva de imprensa celebrada no domingo.

Mas as investigações determinaram que o co-piloto só tocou o primeiro comando, que serve para destravar a cauda, e não ativou o segundo, que ativa o movimento dos aerofólios, algo que os investigadores ainda tentam entender.

Hart destacou que o que foi descoberto até agora é apenas uma pista, "não a causa" do acidente. Segundo ele, esclarecer todos os fatos levará "muitos meses".

A NTSB deve conceder uma nova coletiva de imprensa às 20h00 locais de segunda-feira (02h00 de terça, horário de Brasília).

Também no domingo, uma especialista em segurança espacial disse que a Virgin tinha ignorado várias advertências sobre o motor e o combustível de suas naves desde o acidente com um foguete, em 2007, no qual morreram três engenheiros em terra.

"Avisei a eles que o motor do foguete era potencialmente perigoso", afirmou Carolynne Campbell, da Associação Internacional para o Progresso no Espaço.

O acidente com o SpaceShip Two, ocorrido na sexta-feira, foi um sério revés para as ambições de Branson de levar turistas ricos ao espaço, ao preço de 250.000 dólares (200.000 euros) o bilhete.

"Estou certo de que a Virgin Galactic terá um grande futuro uma vez que o NTSB tiver esclarecido o que aconteceu", acrescentou.

Seguro o bastante para a família Branson

"Se tivéssemos sofrido o acidente assim que começamos a transportar passageiros, no princípio, teria sido muito difícil de recuperar. Espero que isto seja um pouco diferente", disse.

"Temos pilotos testando aparelhos em situações muito extremas para nos assegurarmos de que são seguros para o público", acrescentou, afirmando que não organizará nenhuma viagem para clientes até que seja suficientemente seguro para "que eu e minha família possamos viajar".

O presidente da Junta Nacional de Segurança no Transporte, Christopher Hart, antecipou no domingo que os restos do foguete SpaceShipTwo ficaram espalhados ao longo de oito quilômetros, o que indicaria uma ruptura durante o voo.

Hart assegurou que a investigação em campo vai durar uma semana, mas destacou que o trabalho completo para obter uma análise "provavelmente levará 12 meses".

O acidente da sexta-feira é o segundo desastre que afeta a indústria espacial privada em questão de dias, depois que o foguete Antares, que levava suprimentos para a Estação Espacial Internacional (ISS) explodiu após o lançamento, na terça-feira, na Virgínia.

A Virgin Galactic esperava realizar seus primeiros voos levando turistas ao espaço em 2015. Cerca de 500 pessoas, inclusive celebridades de Hollywood como Leonardo DiCaprio, já reservaram seus assentos nos primeiros voos, segundo informes, mas Branson assegurou que os que queiram cancelar poderão recuperar seu dinheiro.

As companhias privadas tentam preencher o vácuo deixado pela agência espacial americana, Nasa, que encerrou seu programa de ônibus espaciais em julho de 2011 com a missão Atlantis para a ISS, a Estação Espacial Internacional.

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