Mundo

Defesa de preso de Guantánamo quer provar lesões cerebrais por tortura

Três especialistas diagnosticaram que o réu desenvolveu 'síndrome pós-traumática crônica, complexa e não tratada', a qual foi atribuída 'à sua estada em uma prisão da CIA'

Agência France-Presse
postado em 06/11/2014 22:40
Base Naval da Baía de Guantánamo - A defesa do saudita Abd Al Rahim Al Nachiri reivindicou nesta quinta-feira (6/11) que este detento da base naval de Guantánamo passe por uma ressonância magnética para verificar possíveis lesões cerebrais.

O pedido da defesa se baseia no fato de o saudita ter sido submetido a sessões de "submarino" em uma prisão da Agência Central de Inteligência americana (CIA, sigla em inglês).

Vestindo uma túnica branca e sem algemas, o prisioneiro ouviu atentamente as palavras de seu advogado. Al Nachiri é acusado de ter organizado o atentado contra o navio americano "USS Cole", em 2000.

Três especialistas diagnosticaram que o réu desenvolveu "síndrome pós-traumática crônica, complexa e não tratada", a qual foi atribuída "à sua estada em uma prisão da CIA".


O acusado foi submetido a uma "simulação de afogamento, e o afogamento provoca lesões cerebrais", declarou o advogado Rick Kammen durante uma audiência preliminar diante de um juiz militar de Guantánamo.

"Há boas razões para acreditar que o que aconteceu nas prisões da CIA é suscetível de ter causado danos em nível cerebral", acrescentou o defensor, que pretende alegar circunstâncias atenuantes para evitar que a pena de morte seja aplicada a seu cliente.

Não existe em Guantánamo equipamento para realizar uma ressonância magnética. O Pentágono se nega a enviar uma dessas máquinas para o presídio, devido ao preço exorbitante de compra e de transporte para a ilha de Cuba - mais de U$S 1 milhão.

Na audiência, o procurador Robert Moscatti afirmou que "nada indica que isso seja necessário em nível médico" e acusou os advogados de "especular".

O prisioneiro saudita pode ser condenado à morte pelo atentado na costa do Iêmen, em 2000, que deixou 17 mortos em uma embarcação americana, e por outro cometido em 2002, em Aden, contra o petroleiro francês "MV Limburg". Neste ataque, um marinheiro búlgaro morreu, e 12 pessoas ficaram feridas.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação