Berlim - O último dirigente da União Soviética (URSS), Mikhail Gorbachev, afirmou neste sábado que o mundo está "à beira de uma nova Guerra Fria" - em entrevistas à imprensa alemã pelas celebrações do 25; aniversário da Queda do Muro de Berlim.
"O mundo está à beira de uma nova Guerra Fria", declarou o ex-líder soviético, de 83 anos, em clara referência à atual crise ucraniana. "Alguns dizem que já começou", completou Gorbachev, avaliando que, nos últimos meses, "a confiança se quebrou".
"Lembremo-nos de que não pode haver segurança na Europa sem a cooperação entre Alemanha e Rússia", advertiu ele, em um ato organizado pela Fundação Cinema for Peace, da qual ele faz parte.
[SAIBAMAIS]Em entrevista à emissora suíça de rádio e televisão RTS, que será transmitida neste domingo, Gorbachev disse ainda: "estão tentando nos levar para uma nova Guerra Fria. Vemos novos muros. Na Ucrânia, querem cavar um enorme fosso".
"O perigo continua lá", alertou. "Eles acham que ganharam a Guerra Fria, mas não houve vencedor. Todos ganharam", comentou, acrescentando que "atualmente, querem começar uma nova corrida armamentista".
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Ao ser questionado se estaria se referindo aos países da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Gorbachev disse que "a Otan é um instrumento que se utiliza".
Em Berlim, onde ficará por vários dias por ocasião do 25; aniversário da Queda do Muro, o ex-líder soviético se reunirá com a chanceler alemã, Angela Merkel, na segunda-feira.
Antes de embarcar para a Alemanha, Mikhail Gorbachev declarou que defenderá a posição do presidente russo, Vladimir Putin, em seu encontro com Merkel.
"Estou totalmente convencido de que Putin defende hoje em dia os interesses da Rússia melhor do que ninguém. É claro que há coisas em sua política que geram crítica, mas não vou fazer isso (criticar), nem quero que outra pessoa o faça", afirmou.