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Avanço de comboio militar gera temor de nova onda de violência na Ucrânia

Chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini, pediu a Moscou que retire suas tropas e impeça a chegada de novos reforços à Ucrânia.

Agência France-Presse
postado em 10/11/2014 13:10
Donetsk - Um comboio militar avançava nesta segunda-feira (10/11) na direção de Donetsk, o principal reduto separatista pró-Rússia no leste da Ucrânia, o que provoca o temor de uma guerra total, apesar das advertências ocidentais a Moscou.

Jornalistas da AFP observaram nesta segunda-feira (10/11) um comboio com 28 caminhões militares sem placas, 14 deles com canhões, e seis carros de combate.

No domingo (9/11), a Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa (OSCE), responsável por supervisionar a aplicação do cessar-fogo assinado em 5 de setembro entre Kiev e os separatistas, denunciou a chegada de comboios militares à Ucrânia "com um importante número de armas pesadas, carros de combate e tropas sem insígnias".

"A OSCE não indicou a quem pertencem os equipamentos e tropas, mas os militares ucranianos não têm nenhuma dúvida a respeito", afirmou no domingo o porta-voz militar Andri Lysenko, em uma clara referência à Rússia.

A chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini, pediu a Moscou que retire suas tropas e impeça a chegada de novos reforços à Ucrânia. A situação na região piorou consideravelmente após as eleições separatistas de 2 de novembro, que deixaram em situação crítica os acordos de paz assinados em setembro por Kiev e pelos separatistas pró-Rússia, com mediação da Rússia e da OSCE.

Os combates prosseguiram no domingo à noite em Donetsk, 24 horas depois do exército ter bombardeado o reduto rebelde em uma das batalhas mais violentas desde a assinatura do cessar-fogo. Dois soldados ucranianos morreram e cinco ficaram feridos, segundo fontes militares.

Cerimônia pelas vítimas do voo MH17

Nesta segunda-feira (10/11), a Holanda organiza uma cerimônia em memória das 298 vítimas do acidente do voo MH17 da Malaysia Airlines, derrubado em 17 de julho quando sobrevoava as regiões separatistas do leste da Ucrânia.

Quase 1.600 familiares e amigos das vítimas, de 18 países, se reunirão a membros da família real holandesa em uma cerimônia que citará os nomes de todos os mortos. O presidente russo Vladimir Putin acusou nesta segunda-feira (10/11) as forças ucranianas de atirar "constantemente" contra a área da queda do Boeing MH17, impedindo uma investigação objetiva.

[SAIBAMAIS]Não são rebeldes pró-russos, mas "a outra parte que atira constantemente na área, o que impede os (especialistas internacionais) de trabalhar integralmente no local da queda", declarou Putin, citado pela agência Ria Novosti, durante um encontro em Pequim com o primeiro-ministro malaio, Najib Razak.

Logo após o desastre, os Estados Unidos e Kiev afirmaram que o avião, que fazia o trajeto Amsterdã-Kuala Lumpur, foi atingido por um míssil Bouk fornecido aos rebeldes pela Rússia. Moscou negou e, por sua vez, acusou as forças ucranianas de responsabilidade na tragédia.

Nova Guerra Fria

A crise ucraniana, iniciada há quase um ano com um movimento de protesto pró-Europa reprimido com violência e que provocou a queda do então presidente, o pró-Rússia Viktor Yanukovytch, provocou o pior momento nas relações entre Moscou e os países ocidentais desde o fim da Guerra Fria.

Desde a anexação da Crimeia, em março, a Rússia está sob fortes sanções econômicas, agravadas depois da catástrofe do voo MH17.



O último presidente da União Soviética, Mikhail Gorbachev, advertiu no sábado que o mundo estava "à beira de uma nova Guerra Fria".

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