Agência France-Presse
postado em 11/11/2014 18:39
Mascate - Autoridades do Irã e das grande potências mantiveram nesta terça-feira, em Mascate, novas negociações sobre o programa nuclear iraniano, e um negociador russo disse estar otimista sobre a conclusão do acordo.O Irã e o grupo 5%2b1 (Reino Unido, China, França, Rússia, Estados Unidos e Alemanha) estabeleceram o prazo de 24 de novembro para fechar um acordo global sobre esse tema que tem destaque nas relações internacionais há 10 anos.
Após dois dias de tensas reuniões na capital de Omã entre o chanceler iraniano, Mohammad Javad Zarif, e seu homólogo americano, John Kerry, a negociação desta terça-feira foi a portas fechadas, antes do início do encontro considerado como a "reta final" para o acordo, a partir de 18 de novembro, em Viena.
"Estamos relativamente otimistas, mas não ao ponto de ficarmos seguros sobre a conclusão do acordo", declarou o vice-ministro russo das Relações Exteriores, Sergei Ryabkov.
"Não trabalhamos com um plano B, isso é certo", disse Ryabkov. "Mas se por algum motivo não conseguirmos, acho que teremos tempo até a noite de 23 (de novembro) para uma alternativa".
- "Estabelecer pontes" -
Perguntado sobre o motivo deste impasse, o chefe dos negociadores russos falou da "incapacidade das partes para estabelecer pontes acima dos profundos fossos que representam o enriquecimento [de urânio] e as sanções internacionais impostas ao Irã".
[SAIBAMAIS]Na véspera, o Departamento de Estado americano classificou as discussões de duras, diretas e sérias", ressaltando, contudo, que ainda havia tempo para se chegar a um acordo.
"Chegar a um resultado antes de 24 de novembro é muito difícil, mas não vamos nos desesperar", declarou um dos negociadores iranianos, o vice-ministro das Relações Exteriores, Abbas Araghchi.
Após o encontro com Zarif, Kerry viajou a Pequim, onde o presidente americano, Barack Obama, e seu homólogo russo, Vladimir Putin, conversaram sobre o tema durante a cúpula da Cooperação Econômica Ásia-Pacífico.
Rússia e Irã assinaram nesta terça-feira, em Moscou, um acordo para a construção de novos reatores nucleares para a central iraniana de Buchehr.
Obama alertou no domingo sobre "diferenças importantes" a serem superadas entre Teerã e Washington "para que [o Irã] possa se reintegrar à comunidade internacional, para que as sanções sejam suspensas e para que se tenham garantias práticas de que [os iranianos] não desenvolverão a bomba nuclear".
O guia supremo iraniano, o Aiatolá Khamenei, afirmou no Twitter, que seu país está disposto a "encerrar a questão nuclear" e repetiu que o Irã não quer ter armas nucleares.
As grandes potências buscam garantir o aspecto puramente civil do programa nuclear iraniano, em troca da suspensão das sanções e de inspeções rigorosas das instalações nucleares.
O Irã nega que seu programa tenha objetivos militares e garante que só quer produzir eletricidade.
Assim, a principal divergência reside no número de centrífugas que o Irã poderá ter e na duração de um eventual acordo.
Além disso, as negociações dependem de fatores de política interna, tanto no Irã quanto nos EUA, onde os presidentes são submetidos a pressões que podem dificultar um acordo.