Agência France-Presse
postado em 12/11/2014 17:51
Washington - A emergência do ebola é uma oportunidade para que os países da América Latina aumentem os investimentos em saúde em uma região desigual e com falhas sanitárias, disse nesta quarta-feira (12/11) Marcos Espinal, especialista da Organização Pan-americana da Saúde (OPS)."É um apelo aos políticos e líderes dos nossos países. Há uma necessidade imperativa de ir além do Ebola e fortalecer os sistemas de saúde", disse Espinal, diretor do Departamento de Doenças Transmissíveis da OPS.
[SAIBAMAIS]Para o especialista, o Brasil, ao lado da Argentina, são os países latino-americanos que têm um nível avançado de planejamento para o ebola. "A recomendação é que se invista mais" em saúde, assim como em instalações para isolar possíveis casos infecciosos nos portos e nos aeroportos, afirmou.
Segundo o Banco Mundial, nas Américas, os Estados Unidos contavam, em 2012, com um orçamento sanitário equivalente a 17,9% de seu PIB. Entre os latino-americanos, a Costa Rica destinou 10,1%; o Brasil, 9,3%; o Uruguai, 8,9%, enquanto a Venezuela aportou 4,6%.
Mas em outros países mais pobres, o orçamento é de cerca de 1%, disse Espinal, destacando que diante do ebola na América Latina existe "um arco-íris" com diferentes níveis de preparo para atender a um possível caso do vírus.
A febre hemorrágica altamente contagiosa matou mais de 5.000 pessoas, sobretudo no oeste da África, segundo o mais recente balanço da Organização Mundial da Saúde (OMS), publicado nesta quarta-feira (12/11).
O liberiano Thomas Eric Duncan, falecido em 8 de outubro no hospital em Dallas, Texas (sul dos Estados Unidos), é a única vítima fatal do vírus na América. Para Espinal, o risco de que a doença chegue à América Latina é "baixo, mas real", advertindo que em um mundo globalizado, algum infectado pode passar férias em alguma praia da região.
Os países responderam "extraordinariamente bem", enviando recursos para antecipar a epidemia e seguindo as recomendações do Regulamento Internacional da OMS. No momento, a região enfrenta outra epidemia mais contagiosa, porém muito menos letal: 700.000 casos de febre chicungunya, um vírus transmitido pelo mosquito da dengue.