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Colômbia suspende diálogo de paz com as Farc após sequestro de general

O governo de Santos e as Farc iniciaram há dois anos em Cuba um diálogo de paz para tentar acabar com um conflito armado de mais de 50 anos, mas sem decretar um cessar-fogo na Colômbia

Agência France-Presse
postado em 17/11/2014 07:34
Bogota - O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, suspendeu no domingo as negociações de paz com as Farc, que começaram há dois anos em Cuba, depois dos sequestros de um general e de outras duas pessoas, crimes atribuídos pelo governo à guerrilha.



"Amanhã (segunda-feira) os negociadores de paz viajariam para uma nova rodada de negociações em Havana. Vou determinar aos negociadores que não viajem e que se suspenda esta negociação enquanto não não ficar esclarecido e estas pessoas sejam libertadas", afirmou Santos. A decisão de suspender os diálogos de paz com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), que completariam dois anos na próxima quarta-feira, foi anunciada após uma reunião do presidente com a cúpula militar.

O encontro foi convocado em caráter de urgência após a divulgação da notícia do sequestro, no domingo, do general Rubén Alzate, comandante da Força Tarefa ;Titán; do exército, em uma área afasta do departamento del Chocó. Ao lado do general foram sequestrados o cabo Jorge Rodríguez Contreras e a advogada Gloria Urrego, coordenadora de Projetos Especiais da força tarefa, durante uma viagem de caráter civil para supervisionar um projeto energético.

[SAIBAMAIS]Segundo o ministro da Defesa, Juan Carlos Pinzón, às 15H30 o general Alzate solicitou um bote, depois seguiu para ;Las Mercedes;, em uma zona rural de Quibdó, e quando desembarcou foi surpreendido por homens armados com fuzis. O soldado que manejava o bote conseguiu escapar e retornou a Quibdó, onde comunicou o sequestro aos comandantes.

"Não conhecemos as razões pessoais ou de inteligência porque não seguiram os protocolos de segurança para a proteção do general", disse Pinzón, que supervisiona as investigações. "É um sequestro totalmente inaceitável. Já temos informações que nos dão a certeza de que foram as Farc", destacou Santos, que fez perguntas sobre as circunstâncias do crime.

"Por quê o general Alzate estava como um civil? Por quê disse a sua escolta que não o acompanhasse? Por quê não levou em consideração a advertência para que não seguissem rio abaixo tão longes?", questionou o presidente. Santos responsabilizou as Farc pela vida e segurança dos três reféns e exigiu a libertação. Desde o início de 2012, o grupo rebelde se comprometeu a não sequestrar mais civis, mas se reserva o direito de capturar policiais ou militares, considerados prisioneiros de guerra.

O governo de Santos e as Farc iniciaram há dois anos em Cuba um diálogo de paz para tentar acabar com um conflito armado de mais de 50 anos, mas sem decretar um cessar-fogo na Colômbia. Esta é a quarta tentativa de alcançar a paz com as Farc, a principal guerrilha do país e a mais antiga da América Latina, criada em 1964 e que conta oficialmente com 8.000 combatentes, essencialmente mobilizados nas zonas rurais.

O atual processo com as Farc já alcançou consensos parciais em três dos seis temas na agenda: reforma rural, participação política da guerrilha e solução ao problema das drogas ilícitas. Mas ainda faltam os temas mais complexos, como a indenização das vítimas e o abandono das armas. Também deve ser definido um mecanismo de implementação, verificação e para referendar decisões.

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