Agência France-Presse
postado em 17/11/2014 22:29
Jerusalém - Um motorista de ônibus palestino foi encontrado enforcado durante a noite em seu veículo em Jerusalém Ocidental, no que a polícia israelense cogita como um possível suicídio, mas que os palestinos qualificam de crime racista.A morte acontece no momento em que a tensão começa a diminuir na Cidade Sagrada, após semanas de confrontos entre palestinos e a polícia israelense, em uma onda de violência que atingiu a Cisjordânia ocupada e provocou o temor de uma terceira intifada.
O movimento islâmico palestino Hamas fez um apelo a "todas as partes para expressar sua ira contra este horrível crime racista" e exigiu da Autoridade Palestina o fim de sua cooperação em matéria de segurança com Israel nos Territórios Palestinos.
Em Abu Dis, na Cisjordânia, onde vive a família do motorista, explodiram distúrbios, enquanto centenas de pessoas participavam do enterro de Yussef Ramuni, 32 anos, pais de dois filhos.
Durante os protestos em Abu Dis, jovens atacaram o muro de separação israelense que corta a localidade ocupada, constatou a AFP.
O corpo do motorista, que morava no bairro de Al Tur, em Jerusalém Oriental, foi encontrado no domingo à noite enforcado dentro do ônibus em uma garagem na zona industrial de Har Hotzvim, ao norte de Jerusalém Ocidental, segundo a polícia.
"Ao final da necrópsia, que aconteceu na presença de um médico representando a família, foi indicado à polícia e à família que não havia suspeitas de crime", declarou a porta-voz da polícia, Luba Samri.
"Nenhum sinal de violência foi encontrado no corpo", havia declarado antes da necrópsia.
Mas a versão policial foi contestada por amigos e parentes do motorista, que denunciam um assassinato cometido por israelenses.
O advogado da família, Mohamed Mahmud, informou que um médico palestino descartou a hipótese de suicídio, já que a primeira vértebra de Ramuni não foi rompida, como é habitual nos casos de enforcamento.
Mahmud evocou a possibilidade de que a vítima tenha sido drogada.
"Nós vimos sinais de violência no corpo", disse à AFP Muatasem Fakeh, colega de trabalho do motorista.
"Estava enforcado na escada no fundo do ônibus, onde é impossível que tenha se enforcado sozinho", disse.
Seu irmão, Osama Ramuni, declarou à AFP rejeitar a tese de suicídio, afirmando que a vítima foi "torturada" antes de ser morta. "Meu irmão tinha filhos e era feliz. É impossível que ele tenha cometido suicídio, ele não tinha problemas que poderiam levá-lo a cometer tal ato", afirmou categoricamente.
No domingo, um israelense foi esfaqueado nas costas por um jovem palestino, que conseguiu fugir, segundo a polícia.