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Londres lança exposição "Desnude sua mente" sobre estudo do sexo

Na exposição, que ficará aberta até setembro de 2015, são abordadas as atitudes permissivas em relação ao sexo das sociedades "primitivas"

Agência France-Presse
postado em 19/11/2014 16:41
Londres - A reprodução de um "orgasmatron" é uma das principais atrações da primeira exposição que Londres dedicará ao estudo do sexo, junto com artefatos fálicos e outros brinquedos sexuais.

A mostra, na sede da organização Wellcome Trust de Londres, que será inaugurada nesta quinta-feira, pretende ajudar a entender o comportamento sexual humano, mediante a arte primitiva, a literatura, a psicanálise e a ciência.

O título da exposição, "Instituto de sexologia - desnude sua mente", faz alusão ao centro de pesquisas do pioneiro da sexologia Magnus Hirschfeld, dos anos da República de Weimar, na Alemanha, no primeiro quarto do século XX.

A este cientista alemão se atribui a mudança das noções ocidentais sobre sexualidade. Ele acabou morrendo no exílio, em 1935, na França, perseguido pelos nazistas, que destruíram seu instituto.

Hirschfeld soube disso assistindo ao noticiário em um cinema de Paris. "Foi como assistir ao meu próprio funeral", declarou. "As dificuldades que os sexólogos sofriam eram tantas que só podiam ser levadas a sério", explicou à AFP Honor Beddard, comissário da mostra.

Grande parte da exposição homenageia colecionadores obcecados como Hirschfeld, cujos objetos ajudaram no estudo científico do sexo.

A mostra explora atitudes históricas e culturais por meio de amuletos fálicos romanos, desenhos gráficos de casais japoneses, brinquedos sexuais e pornografia antiga, que inclui uma sátira do personagem de desenhos animados Popeye. "Cada geração gosta de pensar que inventou o sexo, mas um curto passeio por esta exposição porá à prova a ideia de que somos mais experimentais ou sábios que nossos antepassados. De fato, pode ser que tenhamos muito a aprender com eles", afirmou Beddard.

Uma história em constante evolução

[SAIBAMAIS]Na exposição são abordadas as atitudes permissivas em relação ao sexo das sociedades "primitivas", através da obra do antropólogo Bronislaw Malinowski, em Samoa, na primeira metade do século XX, e as compara com os comedidos valores sexuais ocidentais da mesma época.

Valores que se adivinham por trás de um tipo de armadura masculina criada para evitar a masturbação, também em exibição. "A história do avanço sexual não é uma marcha lenta rumo à liberação", disse Beddard. "Há pontos nos quais parecemos bastante liberados e, em outros, bastante puritanos, razão pela qual é uma história que continua evoluindo", concluiu.

O artefato mais intrigante da exposição é o "acumulador de orgon". Os visitantes podem se sentar em uma reprodução da caixa de madeira do psicoanalista Wilhelm Reich para induzir à satisfação sexual, que inspirou o "orgasmatron" do filme "O Dorminhoco", de Woody Allen, em 1973.



Na "sala de consultas", há uma cópia de uma carta escrita por Sigmund Freud a um pai preocupado na qual se explica que a homossexualidade não é "nada do que se envergonhar e não pode ser considerada uma doença". A exposição ficará aberta até setembro de 2015.

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