Mundo

Confrontos na Ucrânia matam 13 pessoas por dia, mesmo após cessar-fogo

Relatório da ONU relata inúmeras violações de direitos humanos e adverte para risco de epidemias no país, já que milhares de pacientes não estão tendo acesso à tratamentos

Jacqueline Saraiva
postado em 20/11/2014 11:20
Os confrontos entre rebeldes pró-Rússia e o Exército ucraniano no leste da Ucrânia mataram uma média de 13 pessoas por dia nas oito semanas após o cessar-fogo assinado em 5 de setembro. Segundo o alto-comissário para os Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU), Zeid Ra;ad Al Hussein, estima-se que pelo menos 4.317 pessoas morreram e 9.921 ficaram feridas no conflito entre abril e novembro deste ano. O relatório foi divulgado pela ONU nesta quinta-feira (20/11).

Funeral de jovem morto em conflitos em Donetsk

O documento, que cita o Serviço de Emergência do Estado Ucraniano, diz que o número de pessoas que tiveram que deixar suas casas cresceu de 275.489 em 18 de setembro para 466.829 em 19 de novembro. ;Os civis continuaram a ser mortos, detidos ilegalmente, torturados e desaparecidos no leste da Ucrânia e o número de pessoas deslocadas internamente aumentou consideravelmente, apesar do anúncio de um cessar-fogo;.

No documento, a ONU destacou que ;a situação na área afetada pelo conflito está se tornando cada vez mais severa, com o colapso total da lei e da ordem;. A presença contínua de sofisticado armamento, além da inclusão de combatentes estrangeiros, que incluem militares da Federaçao Russa, afetam diretamente a situação dos direitos humanos na Ucrânia. A ONU ressaltou que é urgente a inclusão de medidas que garantam a proteção das pessoas que vivem nas áreas afetadas pelo conflito. ;Deve ser encontrada uma solução pacífica para acabar com o conflito e a violência, para salvar vidas e para evitar mais sofrimento para as pessoas que vivem nas regiões orientais;.



Desde o cessar-fogo, que começou em 6 de Setembro, até 18 de Novembro, 957 mortes foram registradas. Do total, 838 eram homens e 119 mulheres. O número de pessoas deslocadas também tiveram um acentuado aumento, de 275.489 (em 18 de setembro) para 466.829 (em 19 de novembro), de acordo com o Serviço de Emergência do Estado da Ucrânia. Entre os crimes cometidos estão tortura arbitrária, detenção, execuções sumárias, trabalho forçado e violência sexual, além da destruição e apreensões ilegais de propriedades.

Posição militante pró-russa em um tanque das forças ucranianas durante combates

O relatório também demonstra uma grave crise de saúde. Quase 60 mil soropositivos, além de 11.600 pacientes com tuberculose resistente em todas as regiões, tiveram seus tratamentos interrompidos após os confrontos, já que nem eles e nem a rede de saúde conseguiram efetuar a compra de medicamentos essenciais. "A interrupção do tratamento é de mais de 70 mil pacientes com risco de vida e pode levar à disseminação descontrolada de epidemias", adverte o relatório.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação