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Afeganistão chora vítimas do atentado ocorrido em uma partida de vôlei

O terrorista, vestido com um longo xale, chegou de moto ao local onde centenas de pessoas acompanhavam a partida de vôlei, saiu do veículo e detonou os explosivos

Agência France-Presse
postado em 24/11/2014 14:25
Cabul - As famílias das vítimas do atentado mais mortífero registrado no Afeganistão nos últimos três anos, ocorrido no domingo durante uma partida de vôlei, choravam nesta segunda-feira (24/11) seus parentes, enquanto os feridos são tratados em Cabul.

Pelo menos 57 pessoas morreram e outras 60 ficaram feridas no atentado suicida, no qual um terrorista detonou os explosivos que carregava em meio aos espectadores de uma partida na província de Paktika (sudeste), perto da fronteira com o Paquistão. A região é o reduto da rede Haqqani, braço dos talibãs afegãos que se nega a negociar com Cabul até o momento.

[SAIBAMAIS]Embora até agora ninguém tenha reivindicado o crime, segundo os serviços secretos afegãos, esse grupo radical liderado por Yalaludin Haqqani está por trás do ataque. "Temos provas de que se trata da rede Haqqani", declarou à AFP Hasseb Sediqi, porta-voz dos serviços de inteligência afegãos.

O terrorista, vestido com um longo xale, o tradicional "patu" afegão, chegou de moto ao local onde centenas de pessoas acompanhavam a partida de vôlei, saiu do veículo e detonou seus explosivos, contou Khushal, um jovem de 25 anos, testemunha do atentado. "A partida estava quase acabando quando ouvi uma enorme explosão", disse à AFP Salaam Khan, de 19 anos, que ficou ferido e está hospitalizado em Cabul.

"Gritei por ajuda. O corpo de um oficial do Exército estava do meu lado. Os comandantes e a polícia também acompanhavam a partida. Vi alguns deles mortos ou feridos", explicou. Um porta-voz do Ministério do Interior confirmou a morte de quatro policiais.

Fim da missão

Nesta segunda-feira, o chefe do executivo afegão, Abdullah Abdullah, viajou a Paktika para se reunir com autoridades locais, embora por razões de segurança não tenha visitado o local do ataque. Abdullah explicou à AFP que as autoridades locais "pediram um reforço da polícia local nas clínicas e escolas". "Prometi a eles que trabalharia nestas prioridades", afirmou.

O ataque sangrento contra civis reflete a magnitude da tarefa enfrentada pelo novo presidente, Ashraf Ghani. As forças afefãs deverão defender sozinhas o país contra os talibãs e outros grupos rebeldes a partir de janeiro. O atentado de domingo ocorreu no momento em que as tropas de combate da Otan se preparam para deixar o país, transferindo a responsabilidade da segurança para as forças afegãs.

Em 2015 apenas presença residual dedicada à ajuda e à formação permanecerá no país. A força da Otan no Afeganistão (Isaf), que contou com mais de 140.000 homens no momento de maior presença, reduziu seus homens ao mínimo e em 2015 restarão apenas 12.500 soldados estrangeiros, principalmente americanos.



Este último atentado ocorreu dois dias após o New York Times revelar que o presidente americano, Barack Obama, decidiu prolongar por um ano a missão de combate das tropas de seu país no Afeganistão. Na manhã desta segunda-feira, a Aliança foi informada sobre a morte de dois de seus soldados no leste do país.

Com a retirada das tropas da Otan se aproximando, os insurgentes multiplicam seus ataques contra civis e, sobretudo, contra as forças de segurança afegãs para dificultar a paz. Os talibãs culpam o presidente Ghani de permitir a manutenção de uma força residual de efetivos estrangeiros em solo afegão. O ataque ocorreu, de fato, no mesmo dia em que a câmara de deputados aprovava a presença deste contingente.

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